quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A Magia do Mar

Nunca ficarei indiferente quando estiver perante o Mar!
Ele, com toda a sua exuberância fascina-me e tem por vezes poderes opostos sobre mim. Às vezes faz-me sentir pequena, indefesa. Outras vezes parece que a sua força entra em mim e deixa-me forte, preparada para qualquer desafio. 
Quando estou demasiado tempo sem o visitar, sinto falta...
Quando o visito sozinha, sinto que o coração aumenta o seu ritmo e preciso respirar mais intensamente.
Quase sempre fico como que hipnotizada com a sua beleza e a sua imponência.
Procuro um sítio confortável onde me sentar, de preferência onde nada perturbe aqueles momentos.
Assim foi ontem. Caminhei devagar, de peito meio cheio, meio vazio, como se o ar não chegasse onde deveria chegar...
Após ter caminhado o suficiente para ficarmos sós, sentei-me e fiquei ali, fora de tudo, menos dele e também dos pensamentos que se foram soltando, passando pela minha mente, como cenas de um filme, que ora avançava, ora recuava...
Entre cenas, quando a mente silenciava, eu voltava ao momento presente e contemplava-o com todos os sentidos possíveis...
Via a sua cor, o seu perfume, o seu ondular, a sua força lá ao longe e a sua serenidade, cá mais perto, naqueles lagos que deixava no meio dos rochedos...
E olhando-o assim, nestas suas duas formas, o filme começava de novo, e eu revia o tempo em que me identificava mais com o lado de lá... o tempo da revolta e da raiva... da dor e da tristeza...
Depois olhava para o seu lado sereno e via a paz que entretanto alcancei, um coração que se manteve doce e nunca perdeu a capacidade de amar e de ficar feliz quando presenciava o amor e felicidade à sua volta. 
Com todos estes pensamentos tão díspares, senti-me abençoada e as lágrimas que de início tinham um tempero mais acentuado pela tristeza, adocicaram-se e eu tive vontade de agradecer por tudo o que evolui e por aquilo que sou e tenho hoje... 
Ele deve ter entendido, como sempre entendeu... Pareceu-me soar mais alto e o cheiro a maresia ter-se intensificado...
Coisas minhas... Talvez esses fossem os sinais que eu estava ali por inteiro, no momento presente, onde tenho todas as razões para me sentir bem e Feliz... 
Será sempre assim intensa, a minha relação com o Mar...

(Este texto nasceu num ontem de Maio, mas poderia ter sido escrito em qualquer ontem, porque as emoções que se apoderam de mim quando fico diante do mar, nunca variam muito....)