sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Aniversário do Blog

O meu blog completou ontem um ano de existência, ou pelo menos fez ontem um ano em que comecei a enchê-lo com aquilo que sinto importante dar de mim.
Durante este ano, tenho partilhado aqui retalhos de ontem, pedaços de hoje e de alguma forma, sinais de esperança por um amanhã que espero seja essencialmente de Paz.
O que me incentivou a criá-lo foi a vontade de partilhar experiências, descobertas e conquistas.
Foi mostrar que maior que seja a tormenta, vai chegar o dia em que pelo menos duas nuvens se afastam o suficiente para que um raio de sol, mesmo que ténue, chegue até nós.
A partir daí, com a força que descobrimos cá dentro, somos nós que erguemos os braços para que outras nuvens se afastem, porque a ânsia de voltar a ver o Sol brilhar, começa a ganhar terreno.
Essa vontade de voltar a viver na luz, de me erguer e caminhar de novo, chegou-me através do caminho do verdadeiro Amor.
Tive o privilégio de contactar dia-a-dia com a inocência das crianças, que me manteve o coração limpo de rancor e amargura.
Mais tarde descobri mais uma fonte onde me foi permitido provar dos doces carinhos, daqueles que têm tanto para dar e por vezes poucos que queiram receber. 
Esta tem sido uma fonte de afectos, mas também de muita aprendizagem, de partilha de saberes, de recolha de tesouros, cuja ameaça de se perderem cresce  a cada dia que passa.
Outro dos propósitos deste blog, foi ter um meio de partilhar todas as relíquias que vou descobrindo, bem como as actividades que vou desenvolvendo, por vezes um pouco às cegas, seguindo a intuição, o coração e a sabedoria que me deu trabalhar com crianças, uma vez que lá diz o ditado: de velho, volta-se a menino...
Não posso deixar de estar grata pela atenção que tem sido dedicada ao que aqui vou deixando. 
O meu obrigado! 
A minha paixão pelo mar e pelo campo
 


 Receita de ambientador caseiro


"Receitas" de detergentes caseiros


 O "trabalho" com os meus meninos


Poesia sobre o Mal-Dizer

Não sorrias de quem chora,
não digas mal de alguém
pode a sorte te abandonar
e tu seres assim também.

Do tontinho não digas mal
que esse dito não é correcto
podes ter um filho ou um neto
que seja assim igual.

Tudo isso é natural,
até padece quem namora.
O destino marca a hora,
 no minuto ou no segundo
e não sabes para que estás no mundo,
não te rias de quem chora.

Também fazer chalaça
da filha do teu vizinho
ela pode seguir o mesmo caminho
tu não sabes o que se passa.

Criticas e achas graça
do erro que a outra tem
sem erro não há ninguém,
podes ficar a saber,
não sabes o que ela anda a fazer.
Não digas mal de alguém.

Não digas mal da pobreza
lá por seres afortunado.
Não digas mal do drogado,
tudo isso é tristeza.

Tens filhos e  nobreza,
podes a pobre chegar.
Também existe o azar,
que o mal é nosso companheiro,
não te serve de nada o dinheiro
se a sorte te abandonar.

Sr.António Gonçalves - Aldeia do Cano

Poesia ao Mastro da Aldeia do Cano

O mastro da D. Preciosa
deu muito que falar,
pois ninguém pensou
de tanta gente se juntar.
Estava muito bonito
e bem organizado
e assim se juntou
gente de todo o lado.
A D. Preciosa não é nova
mas ainda tem grão na asa,
para ver o seu mastro
saiu toda a gente de casa.
A D. Preciosa, tem o seu valor
que também soube escolher
um bom tocador.
Está de parabéns,
o que eu digo então,
para o próximo ano,
devia fazer a Comissão.
Eu peço desculpa
que não levem a mal,
pois tinha mais gente
que as festas do Cercal.

D. Glória - Aldeia do Cano

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Há Dias...

Há dias em que se tem a certeza de que tudo valeu a pena! 
Valeu a pena não desistir de ficar, agarrar todas as armas e lutar para seguir adiante.
Há dias em que se ganha consciência de que fomos bons em alguma coisa, que construímos obras perfeitas, com bons alicerces, feitos de material seguro, mas ao mesmo tempo maleável.
Há dias em que apetece chorar de tanta alegria e felicidade, por ver que os mais altos valores que existem dentro de nós, passaram além do nosso coração, além da nossa alma e criaram raízes noutros corações.
Há dias em que o orgulho sádio cresce e agiganta-se cá dentro, pelos melhores motivos.
Nesses dias apetece gritar, que a prova maior à qual nos candidatámos um dia, foi altamente superada.
Nesses dias a emoção transborda-nos, inundando-nos por completo. 
E nesses dias em que o coração parece que vai explodir de alegria e felicidade, apenas o véu que separa estas duas dimensões, impede que a felicidade seja plena.
Mas tão intenso é o sentir, que perante a magia do amor, até esse véu se esfuma e como em tantas vezes, solta-se a frase repetida vezes sem fim: 
- Fizemos um bom trabalho!
E no meio dessa magia,desperta pela imensa felicidade, vem o sonho de sempre, em que a tua alma estende na minha direcção as suas asas angelicais, que me envolvem num doce e forte abraço, permitindo assim que juntos possamos continuar a comemorar cada momento lindo, fruto da sensibilidade e delicadeza de almas a quem oferecemos corpo!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Poesia - Aniversário de Casamento

Depois do nosso casamento
mais um ano é passado,
esse maravilhoso acontecimento,
por nós é comemorado.

Que essa data venha a ser,
muitas vezes repetida,
desfrutarmos o prazer,
de a passarmos juntos na vida.

Deus me formou masculino
e feminina te formou,
com o Seu poder divino
o nosso amor conjugou.

Anos, somamos mais um
que construímos um lar sagrado
e nosso amor em comum
continua actualizado.

Qual será de nós,
a sofrer a grande dor,
no dia em que fique a sós
e ver partir seu amor?

Antes de ti morrer,
Deus me dê essa sorte,
para a tua não conhecer,
prefiro a minha morte.

 Sr. Custódio Ramos - Aldeia do Cano



Recolha de Trava-Línguas na Aldeia do Cano

Tenho um linho(*) de magarifofinha
com cinco magarifofinhos
Quando a magarifofinha foi ao linho(*)
já os cinco magarifofinhos
tinham magarifofado. 



Tenho uma mafagafa
com cinco mafagafinhos.
Quando a mafagafa foi ao linho (*)
já os cinco mafagafinhos
tinham mafagafado.

 * deve entender-se, ninho

D. Fernanda





terça-feira, 20 de agosto de 2013

Tarde no Lar de Colos

Hoje cheguei a Colos e mal saí do carro, quase fritei, com os 39,5º que se registavam. Cheguei esbraseada e logo me disseram que achavam que eu não ia por causa do calor!
- Por causa do calor, não vinha? Isso é que era bom! - respondi-lhes e com isto começou a nossa tarde divertida.
Li-lhes alguns contos, ouvi e gravei algumas poesias antigas que quiseram partilhar e realizámos alguns exercícios com os Bocos Lógicos.
Após realizarmos os exercícios habituais, no nível de maior dificuldade, que elas já dominam quase na perfeição, propus-lhes outro tipo de actividade. Pedi-lhes que usando as peças criassem figuras para que as colegas descobrissem o que era.
Foi muito divertido e surgiram algumas figuras muito engraçadas. Mais tempo houvesse e teríamos continuado, porque motivação não faltava. 
Para o registo do dia ficar completo, houve também uma divertida sessão fotográfica, para a qual contámos com a boa vontade habitual da nossa amiga animadora, uma jovem que mostra uma grande dedicação a estes meninos. 
E  a propósito desta minha amiga, tive e oportunidade de ver concluída mais uma bela obra de arte, que foi realizada com a participação de parte dos meninos do Lar. Depois de emoldurada, vai fazer uma vistaça!

A segunda parte da tarde, foi preenchida com momento da ginástica, que é sempre vivido com grande alegria. Estou sempre atenta e mal noto alguma expressão de mais cansaço, mando-os descansar um pouco, mas estes meninos, não querem dar parte fraca e quando dou por mim, já voltaram ao "trabalho". Apesar de algumas limitações próprias da idade, eles têm consciência das vantagens do exercício físico e empenham-se ao máximo. 
 Para finalizar em beleza, tivemos o momento musical, com algumas modas alentejanas. Como a animação era grande, contagiámos gente da casa, que também nos veio ajudar para que o resultado fosse ainda melhor. 
Depois de muitos risos e palmas, chegou a hora da despedida, dos carinhos e recomendações habituais e lá voltei eu para o braseiro da rua, quentinha por fora, mas muito mais por dentro, porque a alegria que trago de lá, é indescritível!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Recordações deste dia

Hoje mal me senti completamente desperta, e soltei as amarras ao pensamento, ele disparou que nem um foguete, como sempre faz. Correu aqui, correu ali, detendo-se mais nisto ou naquilo e de repente parou na data do calendário - 15 de Agosto!
Logo cá dentro, um sininho tocou e eu vi-me transportada, num impulso até a outro 15 de Agosto, mas lá bem atrás...
Dia 15 de Agosto de 1974! Dia em que o peito andou agitado até mais não poder, que as pernas e as mãos tremiam... 
Faz hoje 39 anos que o meu soldadinho voltava de uma guerra,  na qual foi forçado a combater. Uma guerra que lhe roubou tantos dias de paz, alegria, carinho dos seus, e outras tantas coisas que a juventude pedia... Uma guerra que, segundo ele dizia, o violentava mais a nível psicológico do que físico.
Estava de chegada o meu soldadinho! 
Só que os nossos olhos nunca se tinham cruzado, a nossa pele nunca se tinha tocado, mas mesmo assim para mim, ele já tinha algo meu, assim como eu sentia já tinha algo dele.
Apesar dos nossos olhares ainda não se terem passeado um pelo outro, ele já se passeava livremente pelos caminhos do meu coração e eu, romântica adolescente, acreditava que também já havia uma porta aberta no seu coração, por onde de vez em quando eu entrava.
Nunca ouvíramos a voz nem os risos um do outro, mas pelas palavras sinceras que trocáramos ao longo do tempo, eu sentia que lhe conhecia a alma e ficava a adivinhar-lhe o resto, com o coração sonhador dos meus 15 anos!
Para saber que não me tinha enganado, ainda tive que esperar que a Vida achasse que tinha chegado o momento certo e desse a ajuda fundamental! 
Durante todo o tempo de que dispusemos para estar juntos, na mesma dimensão, quando chegava este dia, este meu soldadinho sempre dizia : Abençoada guerra, que permitiu que nos encontrássemos! Foi a minha boa estrela que me guiou até!
Hoje eu, embora nunca possa abençoar uma guerra, dou graças à Vida, pela dádiva que ela me concedeu!


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Tarde na Aldeia do Cano

Hoje a tarde na Aldeia do Cano decorreu com a animação de sempre! 
Iniciámos com um jogo com bolas para testar  a rapidez dos reflexos.
Descrição: 
É dada uma bola a cada elemento e a partir do sinal de partida, cada um passa a sua bola a quem está à sua direita e recebe a de quem está à esquerda. As bolas vão rodando sem parar de forma a que quando for dado o sinal para parar, cada pessoa tenha uma bola na mão.

Pode parecer muito simples, mas de facto não é, porque basta uma ou duas pessoas não passarem a bola com a rapidez necessária, o jogo bloqueia, porque há quem fique com várias bolas e outros sem nenhuma.
Repetimos três vezes e registou-se alguma evolução positiva, mas nunca chegámos ao final. 
Esta foi uma adaptação de outro jogo que realizava na escola. O modelo original desenrola-se por eliminatórias. A cada volta quem tivesse mais que uma bola, ia sendo eliminado. Ali esta estratégia não tem sentido. Vamos treinando, passando as bolas mais devagar e no final a confusão é sempre motivo para uma boa risada.
Realizámos também jogos de Expressão Dramática, com grande expressividade e alegria.
Seguiram-se os contos, as lengalengas, os trava-línguas, as poesias e as cantigas.
No final foi o momento da ginástica, em que tenho ido aumentando um pouco o nível de dificuldade dos exercícios, mas o resultado está  a ser surpreendente. O sucesso também tem o ver com o facto deste grupo ter pessoas mais novas. 
Para terminar em grande, executámos duas coreografias de 2 temas dos Deolinda. Uma delas foi a estrear. A outra está  a sair cada vez melhor  e eles dizem-me : Professora, não há amor como o primeiro!
Mas claro que esta última, com mais umas sessões, vai ficar também um primor!



Voluntariado

Na Segunda-Feira de tarde estive no Centro de Dia. Cheguei muito animada e toda a gente quis saber a que se devia. Eu para brincar com elas criei algum suspense e toda a gente começou a inventar a razão. Claro que nos divertimos imenso com a brincadeira!
Li-lhes uns Contos Alentejanos muito engraçados, fizemos o Jogo dos Provérbios e actividades com os Blocos Lógicos.
Neste última actividade, desta vez tivemos um parceiro muito rezingão, que como não queria que as peças caíssem, estava sempre a criticar a forma como as colegas as colocavam. Cada vez que a coluna se desmoronava, ficava zangado. Mas foi muito participativo, o Sr. João. Quando fazemos estes jogos, a dificuldade que se segue a manter de pé a coluna com as peças, é impedir que vão dando palpites em relação à peça a sobrepor, porque eu quero que pensem e descubram sozinhos. Engraçado é que também ninguém gosta de ser ajudado, mas todas têm a tendência de ajudar. 

O Sr. João com a difícil tarefa de colocar a peça mais pesada... pois...correu mal... Mas a culpa não foi dele... foi de quem tinha colocado as outras mal...

Ontem a aula de Ginástica no Centro de Dia, teve fraca afluência. Muitas das minhas meninas tinha ido ao Centro de Saúde, outras com visitas.... O grupo ficou reduzido a cinco elementos, mas não foi por isso que não trabalhámos em força. 

De tarde fui até Colos, dar e receber mais uns miminhos. 
Encontrei-as tristes, como já esperava, pela partida de uma "menina" tão doce, a nossa querida Inacinha. Tinha sabido da notícia nessa mesma manhã. Conversámos um pouco sobre o assunto. Disse-lhes que quando amamos alguém de verdade, preferimos ver partir, do que ver sofrer. E ela com toda a sua doçura, estará certamente em Paz, num lindo lugar!
Depois a pouco e pouco fui entrando nas actividades, como Contos, Provérbios e muita conversa em que tanto eu, como elas partilhámos situações de vida. Somos uma Família! 
Veio o momento de ginástica, que foi divertidíssimo, mas também muito produtivo. 
O que eles me fazem correr naquela sala! Virar cadeiras, puxar braços e pernas, sentar quem noto que está cansado, estar atenta a quem tem menos equilíbrio, ameaçar o nosso Zezinho com a chupeta, quando ele não se cala,  interromper tudo, porque quando vamos quase a meio é o que o Sr João acabou de lanchar. Então fica a fazer ginástica entalado na mesa e tenho que o tirar de lá, mudar a mesa e trazê-lo para  a frente...
Digo-vos, venho de lá estoirada, mas tão feliz! 

As macacadas que eles me fazem fazer! Mas como eu digo, estamos em família!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Trava-Línguas / Lengalenga

Por aquela parede  nova acima,
vai um pardal pardo palrando.
Tu parlas, pardal pardo,
tu palras, eu palrarei.
Tu palras, pardal pardo
e eu serei palrador d´el rei. 

 D. Maria Inácia- Lar de Colos
Trava-Línguas que aprendeu com o avô


Pus-me a contar às avessas
nas costas de uma coluna,
contei sete, seis e cinco,
três, duas, uma. 

Sr Custódio Ramos - Aldeia do Cano



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Sou Forte

Quem diria que aquela criança que chegou ao Cercal há 55 anos, desnutrida e de quem pouco se esperava, se tivesse fortalecido tanto ao longo da vida, até mais ao nível espiritual do que físico.
Daquela criança que ninguém esperava que sobrevivesse, brotou alguém com uma força e uma coragem inesgotáveis e com uma capacidade de amar sem limites.
Tive que me fazer à luta pela sobrevivência desde os primeiros dias de vida, para resistir durante os primeiros quatro meses!
Muito devo ter lutado, restando de mim só a pele e os ossos. Acho que a minha alma estava ciente de que muita gente já me esperava e eu não podia sucumbir assim, só porque a comida e o trato eram de uma negligência gritante.
Aguentei-me até ao limite, porque nesse momento veio a Vida e deu uma ajudinha.
Sempre batalhei heroicamente pelos meus propósitos, não baixando os braços às contrariedades. 
Quando o barco da vida se virou em alto mar, andei muito tempo perdida, sem rumo, à deriva, deixando-me arrastar pelas correntes, mas sempre que a vida ameaçava fugir-me, arranjava forças para umas braçadas que me levassem a porto seguro, ou que ao menos me mantivessem acesa a réstia de vontade de viver que havia em mim.
Hoje sigo, de rosto erguido, não por vaidade ou arrogância, mas porque não quero perder de vista a linha do horizonte em direcção à qual caminho, momento a momento, armada de um coração enorme e de uma vontade desmedida de viver. 
Dou graças por tudo de bom que a vida me tem dado e orgulho-me da capacidade de tolerância para lidar com aqueles que sabem tão pouco dos mais elevados valores da vida.
Agradeço dia-a-dia que o meu coração se mantenha limpo de rancores e mágoas e que tenha aprendido a encontrar sempre um lado positivo no meio da adversidade.
Assim sigo hoje, precisando de pouco, mas sempre disposta a dar de mim a quem aceitar as minhas dádivas de amor e carinho. 
Sigo de coração palpitante, de olhar limpo e de alma serena, não permitindo que aqueles que só passarem pelo meu caminho, para mo escurecer, permaneçam nele. A esses abençoo-os de longe, com compaixão, porque nunca irão usufruir do bem maior que podemos encontrar na vida - O Amor!
Para os outros, aqueles que me adoçam o coração, terei sempre preparados abraços, sorrisos, toques carinhosos e tudo aquilo que eu inventar para lhes ofertar, de forma a mostrar-lhes a enorme gratidão por terem aceite caminhar a meu lado por esta estrada da vida, que é bem mais fácil de percorrer de mãos dadas! 


Com 4 meses pesava menos com que tinha nascido!
Esta imagem mostra que há muito aperfeiçoo esta capacidade para a luta!



domingo, 11 de agosto de 2013

Pensamentos da D. Glória

A minha vizinha Zulmira, quem havia de pensar?
Por cantar tão bem o fado, pôs quase toda a gente a chorar.
Pois cantou com tanta emoção e sofrimento, que até as pedras da rua, entenderam o seu talento.
Pena não ter sido ensinada, que até a Amália Rodrigues ao pé dela poderia não ser nada!
Foi uma tarde de emoção, que nos tocou no coração!
Como há pessoas com tanto talento, que se perdem como o vento?
Porque nasceu neste meiozinho, não seguiu o seu caminho,  porque aqui nada há.
Teve que ficar por cá!
Ser fadista já não dá, se perdeu grande talento!

Fim de Semana

Hoje está muito calor, pouco posso fazer, para me distrair, aproveitei a escrever.
Escrevo o que sei e que à ideia me vem, mesmo que escreva mal, não prejudico ninguém.

(D. Glória - Aldeia do Cano)

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Lembranças de Colos

O Sampaia da Torreira
com uma grande bebedeira
foi tomar um banho à praia.
Era tão grande a piela
que ao enfiar da farpela
às calças chamava saia.    (D. Idália)



Eu fui, tu foste, nós fomos.
Falei, falaste, falámos.
Eu vi, tu viste, nós vimos.
 Amei, amaste amámos.     (D. Maria Inácia)



Fui à escola do cupido
para amar e aprender.
Para saber novas suas,
uma carta fui escrever.

Essa carta, meu amor,
nem a vi, nem cá chegou.
Se quiseres falar comigo,
fala amor que eu aqui estou.

Eu bem sei que estás aí
muito bela e perfeita.
Mal empregada menina
não querer ser minha sujeita.

Tua sujeita não sou,
por causa da tua gente.
Já me puseram na rua,
desprezada para sempre.   (D. Maria Inácia)



Fui ao mar acender lume
embarquei numa faísca.
Engracei com os teus olhos,
logo à primeira vista.           (D: Preciosa)



Alta Lua, vai alta,
mais alto vai o luar.
Mais alto vai o destino
que Deus tem para nos dar.    (D. Preciosa)



Oh amor da vaidade,
ou fui eu que variei.
Variaram os meus olhos,
quando para os teus olhei.   (D. Maria Inácia)






quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Reagir aos Maus Momentos

Há dias em que parece que algo nos comprime por dentro!
Há dias em que sabemos que temos que fazer muito, mas a vontade escasseia!
Há dias em que se quer fechar todas as portas e trancar todas as janelas!
Em que dias em que se quer fechar os olhos e apenas dormir!
Há dias em que querermos alhear-nos de  tudo aquilo que os sentidos nos transmitem! 
Há dias em que não apetece rir, nem chorar!
Há dias em que parece  que de repente ficámos vazios
Mas mesmo nesses dias há algo que não podemos deixar de fazer - Respirar...
E é aí que o milagre começa!
Quando nos damos conta do ar que desce bem fundo, e do outro que sobe e se liberta, inicia-se a transformação!
No início dói quando o ar desce, mas aquilo que se liberta de dentro, faz-nos, a pouco e pouco, ganhar serenidade.
E essa serenidade, que vai aumentando lentamente, vai-nos restituindo à vida, ao momento presente.  
A nossa mente acalma, os nossos sentidos apuram e começamos a sentir o turbilhão de emoções que nos revolvem o peito.
Passamos a observadores daquilo que nos dói e devagarinho a dor começa a passar.
Logo de seguida, deixamos de querer continuar na escuridão e começamos a abrir primeiro as janelas e depois as portas, para que a vida chegue até nós, com os seus aromas, os seus sons, as suas belezas, com as gentes, enfim com tudo aquilo que vive, que mexe... E tudo o que até nós chega, bem como o ar que entra dentro de nós, lava o resto da tristeza e da dor que nos sufocava. 
O milagre fica completo, quando o sorriso nos chega aos lábios e o brilho nos ilumina o olhar! 
Então, já detentores de todas as nossas capacidades, fica-nos a certeza de que a cura estará sempre dentro de nós, basta apenas termos a sabedoria de a encontrar, usando para isso as ferramentas que a vida terá sempre ao nosso dispôr!



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Actividades com Blocos Lógicos



Os Blocos Lógicos são materiais usados na disciplina de Matemática no 1ºciclo. A sua utilização tem como objectivo desenvolver o raciocínio lógico.
 Este material é composto de 48 peças, distribuídas por 4 formas geométricas, que por sua vez têm 2 tamanhos e duas espessuras.

Os exercícios consistem na sobreposição das peças, de acordo com regras estabelecidas.


Tipos de exercícios:

1- Sobrepor peças mudando a forma               
2- Sobrepor peças mudando a cor                   
3- Sobrepor peças mudando a espessura   
4- Sobrepor peças mudando a forma e a cor
5- Sobrepor peças mudando a cor e a espessura
6- Sobrepor peças mudando a forma, a cor e a espessura      

Quando as peças caem, inicia-se o jogo com as restantes! 

Para esta faixa etário os benefícios são manter a destreza manual, a motricidade fina e exercitar o cérebro.

Retorno ao Voluntariado III

Na passada Quinta-Feira implementei uma actividade diferente ao grupo da Aldeia do Cano. Foi um exercício de Expressão Dramática. Consistia em ir passando uma bola para o colega do lado, mudando os estados de espírito, ou até as sensações, mas repetinto sempre a mesma frase: Tome lá esta bola.
Experimentámos a rir, a chorar, triste, a gaguejar, zangado, contente, a aumentar a intensidade de som e a diminuir... 
A experiência foi fantástica, porque trouxe uma animação em nada diferente da que havia quando desenvolvia este jogo com os meus alunos. Houve lágrimas de tanto riso e pessoas que me surpreenderam, pela forma como se integraram. 
As restantes actividades realizadas foram as habituais. Li-lhes as histórias lidas aos outros grupos e realizámos algumas brincadeiras a partir delas.
Houve depois o momento das cantorias e da poesia.
Tenho que salientar uma linda intervenção da D. Zulmira, que nos presenteou com uns fados com letras originais, baseadas na sua vida e nos nossos encontros. Foi um momento de muita emoção. 
A finalizar, como habitual a aula de ginástica e o momento de dança! 
O tempo voa como sempre e despedimo-nos logo a pensar no próximo encontro.







sábado, 3 de agosto de 2013

Poema - Moinho Abandonado

És moinho abandonado,
eu não sei porque razão,
tanto trigo que moeste,
farinha para fazer pão.

Foste obra de raíz.
de concluído foste novo,
e serviste tão bem o povo
e estavas dado à matriz.

Ainda existes no país,
mas eu vejo-te desprezado.
Vais estando danificado,
que as fendas estão a abrir
e dá-me pena de te ver cair,
moinho abandonado.

Só já tens  as verticais,
o que era em madeira, estragou
e chapas e ferro enferrujou
e não voltas a moer mais.

Terrestes são os sinais,
que me deixam no coração,
ao ver as mós cá no chão,
que rolavam junto ao veio
e eras bonito e estás tão feio
e eu não sei porque razão.

Já não tens varas, não tens velas,
não tens mastro, não tens torre,
perdeste todo o valor,
não tens portas nem janelas.
És das moagens tão belas
que no alto do cerro existia,
tinhas tanta freguesia,
que aí iam muita  vez,
de trigo e milho por mês
muita farinha fazias.

O quadro de engenharia,
é que para ti podia olhar,
hoje servias para tirar ,
pontos de alta valia.
À frota aérea servia
para sinal de orientação
mas como tu estás, é que já não
que nunca mais foste caiado
e já não voltas a dar fabricado
farinha para fazer pão.

Sr. Sérgio Albino - Aldeia do Cano


Poesia - Lençóis de Linho

Os nossos lençóis de linho,
que foram por ti bordados,
do nosso amor e carinho,
têm sido acompanhados.

Trabalhaste horas sem fim.
na tua mocidade,
bordando para mim e para ti,
lençóis de felicidade.

Neles está um coração,
bordado com linhas de cor,
ao lado quatro letras estão,
onde se lê a palavra amor.

Foram feitos com perfeição
pelos teus dedos delicados,
é grande a satisfação,
dormirmos neles abraçados.

Com esses lençóis de linho,
nossa cama fica enfeitada
e dão mais calor ao ninho,
da nossa casa sagrada.

Mesmo que seja velhinho,
quero levar no meu caixão,
um desses lençóis de linho,
bordado por tua mão.

Sr. Custódio Ramos - Aldeia do Cano

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Poesia


 É tão triste viver assim,
como eu estou  a viver,
gostava de estar contigo tantos dias
e estou tanto tempo sem te ver!

Hora, parece um dia,
os dias parecem meses.
Quando eu te vejo às vezes,
eu sinto grande alegria.

És  a minha simpatia,
tu sabes que eu não sou ruim.
A tua fala para mim,
é uma fala tão decente.
Gostar de quem não gosta da gente,
é tão triste viver assim!

Tu conheces que eu te quero bem,
mas é mais com que tu pensas,
isto são umas doenças,
que há tanta gente que as tem.

Se gostasses de mim também,
tinhas tudo quanto querias,
a vida melhor fazias          
mas parece que te vais desviando.
Só te vejo de vez em quando,
eu te queria ver todos os dias.

Se algum dia estiveres doente,
diz-me para não me contarem a mim,
que vivo melhor assim,
para não viver tão descontente.

Eu amo-te honradamente
e por tu ando a sofrer.
Podes  ficar a saber,
que eu te tenho sempre no pensamento
gostava de te avistar todo o momento
mas estou tanto tempo sem te ver.


Retorno ao Voluntariado (II)

Na  tarde de Terça-Feira, o caminho a seguir foi em direcção a Colos. Claro que as perguntas e as respostas foram as mesmas. Relatei-lhes as minhas duas semanas, elas contaram-me das suas queixas, trocámos os miminhos que se impunham, dada a ausência e entrámos nas actividades, que foram muito semelhantes às desenvolvidas no Centro de Dia.
Entretanto a torneirinha das lembranças começou a abrir-se e partilharam uma série de quadras e rimas que são sempre música para os meus ouvidos.
No 2º tempo teve lugar a aula de ginástica, com a sala bem cheia e toda a gente a participar com grande alegria. 
Destaco as brincadeiras que surgem sempre com o amigo Zezinho, que leva a aula a repetir tudo o que eu digo e que só faz batota a realizar os exercícios. Está prometido já há uns tempos, à laia de brincadeira, que lhe vou levar uma chupeta para ele estar calado. Sempre que chego, até ele me pergunta pela chupeta. 
Depois é de enaltecer a força de vontade do amigo António Henrique, que durante as duas semanas em que interrompi as actividades,  foi repetindo os exercícios e vai apresentando progressos significativos. 


Após a aula de ginástica, realizámos alguns exercícios com os Blocos Lógicos. Desta vez consegui que chegassem ao nível mais elevado de dificuldade.
A maior alegria é quando conseguem evitar a queda das peças! 


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Regresso ao Voluntariado


Segunda-Feira regressei ao convívio com os meus amigos, os meus meninos de cabelos brancos!
Nessa tarde desloquei-me ao Centro de Dia para levar alguma animação. Conversámos sobre os meus não passeios de férias, as minhas não idas à praia...
Depois li-lhes algumas histórias do livro "O Senhor-que-não-sabia-contar-histórias", requisitado no novo Polo de Leitura. 
Foi divertido, porque ambas as histórias proporcionavam a continuação através de jogos, que nos fizeram dar boas gargalhadas.
De seguida, realizámos algumas actividades com os Blocos Lógicos, que tal como já aqui referi têm como objectivos exercitar a memória.


Na Terça-Feira regressei a esta Instituição para a aula de ginástica. O grupo estava reduzido, pois houve quem se tivesse esquecido que era dia de regresso ao "trabalho". As duas semanas de pausa, não pareceram ter afectado grandemente os meus atletas, excepto em algumas situações pontuais.