quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Saudade

Ontem foi o Dia da Saudade! Só o soube já à noite!
Fiquei a pensar em como as situações da vida mudam a nossa forma de pensar e de sentir...
Saudade é aquela mistura de sensações que nos enchem o coração quando não estamos perto daqueles que amamos, ou quando não podemos ter algo que apreciamos.
Podemos sentir saudades de alguém que está longe, saudade de ir a um local onde nos sentimos bem, de comer uma comida que nos delicia... 
Hoje estas são formas suaves de saudade! 
Quando penso naqueles que amo e não vejo todos os dias, ou estou algum tempo sem ver, claro que sinto saudade. Mas é uma saudade doce, que me traz sorrisos carinhosos ao lembrar-me de quanto os amo, de quanto lhes quero, ou de quanto me descansa por os saber bem. 
É uma saudade leve, que não dói e não magoa. Saudade de quem ama, sem posse nem apego. Saudade que fica a uma distância que se pode medir. 
Hoje para mim, a verdadeira SAUDADE é aquela que marca a tristeza, pela distância que se escavou em relação aqueles que partiram. Distância para a qual não há unidades de medida nesta dimensão.
Esta é a verdadeira SAUDADE que me lava o rosto com lágrimas que ora são de tristeza, ora de uma emoção incontida, quando abro o livro das memórias e revejo tantos momentos inolvidáveis.
Por vezes a saudade envolve-me e transporta-me para um mundo de fantasia, onde eu quase que sinto meter a chave à porta, ouço chamar e fico à espera do abraço, do toque das suas mãos e das brincadeiras com que sempre me animava. 
Hoje, até esta SAUDADE já deixou de doer sempre, ficando a doer só às vezes, naqueles dias em que abraço fica a fazer mais falta. Nesses dias, continua a fazer doer e a deixar-me com a pergunta de sempre: Porquê?
Mas até nesses momentos, a consciência já demora menos a voltar ao seu lugar e sou eu própria que respondo à pergunta formulada: Porque na vida tudo é efémero... porque cada um um de nós vem a este mundo apenas para cumprir a sua missão e fazer as suas experiências... 
Pensando assim, acabo sempre por olhar para cima e dizer: Orgulho-me de ter feito parte dessa tua caminhada e de ter contribuído para a felicidade que nela desfrutaste! 
Depois a saudade volta a ficar leve e doce, e as lágrimas que se soltam são sempre de carinho e emoção.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Namoros de Antigamente

Antigamente os namoros eram muito diferentes de agora, dizem as minhas meninas! 
Nessa altura muitos rapazes levavam imenso tempo até convencerem as raparigas. Uma amiga conta que o seu namorado levou quase um ano, até ela aceitar namorar com ele. 
Havia vários locais onde os namoros começavam. Podiam começar a namorar durante os trabalhos do campo, nos bailes, ao chafariz, quando iam à água; nas feiras e mercados, nas "alumiadas" , nos barrancos... 
Contam que durante a ceifa, os rapazes tentavam sempre mudar de lugar na fila de ceifeiros, para ficar atrás da rapariga de quem gostavam. Durante o desencamisar do milho, eles estavam sempre desejosos de lhes sair o "milho-rei", para poderem dar um beijinho à rapariga de quem gostavam, mas não eram só eles, elas também gostavam. 
Quando iam buscar água ao chafariz, os rapazes iam lá ter e então, quando já se namoravam, iam ficando para trás na fila, para estarem mais tempo a namorar. Uma amiga conta que, uma irmã mais nova, foi à fonte com uma tia que tinha namorado e ela demorou-se tanto tempo, que a menina adormeceu encostada ao chafariz. 
Quando iam lavar roupa aos barrancos, os rapazes sempre que podiam iam esperá-las ao caminho e vinham namorando até se aproximarem da aldeia.
Tudo isto porque de início os namoros eram quase sempre às escondidas dos pais das raparigas. 
Logo que os pais sabiam, se aceitassem, deixavam que namorassem à porta, ou à janela. Em relação à janela, contaram-me que alguns pais, quando faziam a casa, nem queriam fazer janelas, já a pensar que as filhas depois iam namorar lá. 
Quando já tinham um certo tempo de namoro, os pais autorizavam que o rapaz entrasse e conversavam em casa. No Inverno, sentavam-se com toda a família à volta da lareira. 
Mas claro que havia sempre os outros lugares onde se encontravam sem que os pais soubessem. 
Uma amiga conta que tinha uma irmã e então cada uma só tinha autorização para namorar três dias por semana, em dias alternados. Uma namorava segundas, quartas e sextas e a outra, terças, quintas e sábados. 
Ao domingo as raparigas saíam em grupos e os rapazes, que também se juntavam uns com os outros, iam ter com elas. Nesses dias costumavam fazer bailes de roda, ou ir aos bailes das sociedades recreativas locais, ou passear pelo campo.
Quase sempre os namoros eram entre jovens da mesma aldeia, mas quando isso não acontecia, principalmente com as raparigas que iam "servir", os namoros eram por carta. O problema é que pouca gente sabia ler e escrever, o que fazia com que tivessem que pedir para lhes lerem e escreverem as cartas. Chegaram a acontecer algumas situações engraçadas e outras nem tanto, porque quem escrevia, nem sempre punha nas cartas o que lhe era ditado. Houve rapazes que perderam as namoradas para quem lhes escrevia as cartas. Muitos pais davam como justificação de não deixarem as filhas irem à escola, o facto de assim não poderem escrever cartas aos namorados.
Quando se aproximava a data do casamento, os rapazes tinham que ir pedir a mão da rapariga aos futuros sogros, mais propriamente ao pai. Alguns mais envergonhados, ou que temessem não ser atendidos, chegavam a ir acompanhados por duas pessoas, amigos ou familiares.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Atividades de voluntariado

Ontem foi o tal dia cheio! 
De manhã estive no Centro de Dia! Orientei a Atividade Física. 
Finalmente estreámos os bastões improvisados!
Como sempre realizámos diversos exercícios: aquecimento, caminhada, exercícios de pé, exercícios sentados e alongamentos e exercícios de relaxamento.
Sinto que no final toda a gente sai, tranquila e bem disposta. 

A reportagem não está famosa, porque a sala estava muito escura.

De tarde foi a ida ao Lar de Colos. 
Também realizei os exercícios de Atividade Física, que decorrem nos mesmos moldes dos que realizo no Cercal. Como os utentes do Lar se encontram distribuídos por três salas, estamos e encontrar uma forma de alargar a Atividade Física a todos os interessados. 

A seguir, como é habitual, escolhi vários contos tradicionais que encontrei na net, para lhes ler. Como sempre, participam com diversos comentários, demonstrando que estão a viver o enredo das histórias. 
Houve tempo para rever os Provérbios Populares, para relembrar algumas das poesias e lengalengas que já temos trabalhado. 
Lancei também o desafio de me ensinarem alguma lengalenga que soubessem e recolhi duas, uma já conhecia, outra era-me completamente desconhecida. Quando assim é fico muito contente, pela certeza de que estou a recolher um tesouro, que acabaria por se perder. 
Introduzi mais uma pequena poesia e trabalhámos a sua memorização:

Uma galinha em cima do muro,
pica o pão e fica duro.
Pica aqui e pica acolá,
vê os meninos e diz olá.

Dado o adiantado da hora e o tempo que ameaçava ficar mau, desta vez foram elas que me mandaram embora, com a preocupação da minha viagem de regresso.
São uns amores, estas meninas! :)




Lengalenga

Mais uma lengalenga da D. Engrácia!

Ting ling Ting

Ting, ling ting, faz-me um bolo!
Ting, ling ting, não tenho sal!
 Ting, ling ting, manda-o buscar!
Ting, ling ting, não tenho por quem.
Ting, ling ting, pelo João d`além.
Ting, ling ting, o João está coxo.
Ting, ling ting, quem o coxeou?
Ting, ling ting, foram as pedras.
Ting, ling ting, que é dessas pedras?
Ting, ling ting, estão lá no mato.
Ting, ling ting, que é desse mato?
Ting, ling ting, queimou o lume.
Ting, ling ting, que é desse lume?
Ting, ling ting, apagou a água.
Ting, ling ting, que é dessa água?
Ting, ling ting, beberam os bois.
Ting, ling ting, que é desses bois?
Ting, ling ting, semearam  o trigo.
Ting, ling ting, que é desse trigo?
Ting, ling ting, comeram as galinhas.
Ting, ling ting, que é dessas galinhas?
 Ting, ling ting, estão a pôr os ovos.
Ting, ling ting, que é desses ovos?
Ting, ling ting, comeu o padre.
Ting, ling ting, que é desse padre?
Ting, ling ting, está dizendo a missa.
Ting, ling ting, que é dessa missa?
Ting, ling ting, já se acabou a missa.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Lengalenga

Aí vem o Zé Godinho
a cavalo num burrinho.
O burrinho era fraco,
a cavalo num macaco.
O macaco era valente,     
a cavalo numa trempe.
A trempe é de ferro,
a cavalo num martelo.
O martelo bate sola,
a cavalo numa bola.
A bola é redonda,
a cavalo numa pomba.
A pomba é branca,
a cavalo numa tranca.
A tranca era da porta,
arriba Zé da horta.

D. Engrácia - Lar de Colos


sábado, 19 de janeiro de 2013

Poesias

Estas são algumas das poesias que as "minhas meninas" do Cercal e de Colos já memorizaram!

O Porquinho

O porquinho foi à horta,
comeu lá uma bolota,
o cão também lá quis ir,
mas fecharam-lhe a casota.
É bem feita, porque o cão,
tem a mania de ser espertalhão.

Era uma Velha

Era uma velha,
que morava numa ilha
e tinha um gato
com os olhos cor de ervilha.
O gato era muito lambereiro
e tinha a mania
de andar sempre ao cheiro.
 Mas certo dia,
 sem a velha dar por isso,
foi à despensa
e roubou um chouriço.
O homem chega para jantar
e encontrou a mulher a soluçar.
Oh mulher, o que foi isso?
Foi o nosso gato
que roubou o chouriço.
O homem pega no cacete
e põe o gato a andar de rabanete.

Ratinho 

O ratinho foi ao baile,
da cartola e jaquetão,
sapato de bico fino
e um par de luvas na mão.
Encontrou uma ratazana,
que dançava no salão.
O ratinho cumprimentou-a,
apertando a sua mão.
Convidou-a para dançar
e ela respondeu que não,
ratazana estava noiva,
não queria complicação.
O ratinho ficou zangado,
sofrendo do coração,
agarrou na cartola
e retirou-se do salão. 

As Mulheres do Monte 

As mulheres do monte,
quando vão à vila,
levam cestos de ovos,
galinhas em cima.

Um dia a uma,
caiu-lhe a cestinha,
partiram-se os ovos,
fugiu a galinha.

Chegando á vila,
pia, pia, pia.
Quanto mais chamava,
mais ela fugia.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Mais uma terça-feira

Na passada terça-feira voltei à minhas lides favoritas!
De manhã, estive a orientar a Atividade Física no Centro de Dia. O grupo já estava maior!
Continuei a utilizar as bolas, mas ficou prometido que na próxima vez, já trabalharemos com outro material.
Finalmente consegui juntar os cabos de vassoura, para improvisar os bastões. Foi difícil, mas consegui a maior parte e adquiri os restantes. Até terça-feira estarão preparados! 
Da parte da tarde, estive no Lar de Colos!
Como habitual comecei pela Atividade Física. Desta vez consegui a participação de 2 elementos do sexo masculino. Trabalhámos também com bolas.
Depois foi a hora do conto e para variar li-lhes algumas histórias que encontrei na net, uma delas que guardava nas minhas memórias de infância, por a minha mãezinha ma contar - As três cidras do amor! Um conto lindo, cheio de magia... Todas elas estavam recheadas de personagens mágicas! 
Antes do lanche ainda houve tempo para recordarmos os Provérbios Populares, que há tempo não treinávamos. Mas todos estavam com a lição na ponta da língua! 
Depois do lanche voltámos ao nosso tema - Os namoros de antigamente e aproveitei para mais umas recolhas a juntar às anteriores. Já falta pouco para ter o tema completo... 
Os momentos finais foram dedicados à cantoria! Cantámos uma série de cantigas alentejanas e se eu não desse a sessão por terminada, desta vez é que teria ficado lá a dormir! Aliás houve até quem me oferecesse cama! 
No Lar estão já em curso os preparativos para a participação dos "meninos" no Desfile de Carnaval! Assim é que é! Sinto que aquele é um Lar em que se vive e não se fica à espera do fim! Poder-se-ia chamar Lar Vivo!
Foi mais um dia daqueles que me enchem por completo o coração! Não há como não sair de sorriso rasgado, quer de um local, quer do outro! 
Voltei a não fotografar a Atividade Física no Centro de Dia! O grupo é grande e com a "preocupação" de realizar os exercícios e ajudar quem precisa, acabo por esquecer-me da parte fotográfica. Vamos ver se da próxima não falha... 
Fotos de Colos







Ah e já me esquecia! Foi dia de aniversário da amiga Maria Guerreira, que completou a bonita idade de 95 anos! Estava linda e pareceu-me feliz!




quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O nosso menino

Hoje não há como não falar contigo!
Falo todos os dias, de todos os assuntos que ocupam hoje a vida que me ficou por viver sem ti.
Tendo em consideração a data, tinha que falar contigo do "nosso menino"!
Lembro-me como se fosse hoje! Chegaste a casa e vinhas completamente desanimado. Mais um dia sem que tivesses encontado trabalho... daí a dias vencia a letra da dívida do carro e não havia como pagá-la...
Se ao menos arranjasses trabalho, podíamos pedir emprestado com mais à vontade... assim... como iríamos pagar?
Nesse dia eu tinha ido fazer a análise, e pouco tempo antes tinha ligado para o laboratório a saber o resultado, que era positivo.
Conhecia-te tão bem, mas ao ver-te tão triste e preocupado, uma pontinha de receio começou a crescer-me no peito... e se tu não quisesses?
Peguei-te na mão e levei-te para o nosso quarto. Olhei-te nos olhos e dei-te a notícia...
Não soube contar o tempo, mas sei que os ponteiros do relógio nem devem ter tido tempo de mexer, entre o momento em que eu acabei de falar e aquele em que tu me abraçaste, me encheste de mimos e a rir e a chorar acariciaste e beijaste a minha barriga...
O meu medo fugiu e no seu lugar cresceu uma força gigante que se juntou à tua, pelo que não te cansavas de repetir, que tudo iria melhorar e que ao nosso bebé não iria faltar nada.
O nosso amor renovou-se e eu soube que pelo menos isso ele teria de sobra!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O meu coração

O meu coração deve ser fora do comum! Há quem o ache estranho, quem não o entenda...
Nem tenho a certeza se ele tem o tamanho adequado e se está no lugar onde deveria estar! 
Por vezes já me têm dito que tenho o coração ao pé da boca... 
Isso acontece quando eu não consigo deixar de falar aquilo que ele me diz. 
Acho que têm razão, sei que tenho dificuldade em calar aquilo que ele me conta, quando essas  mensagens  têm a ver com cuidar, tratar, ensinar novos caminhos, desenhar sorrisos e pintar estrelas no olhar. 
Em relação ao seu tamanho, também tenho as minhas dúvidas se é o normal. Já tenho chegado a duvidar se ele vai continuar a caber-me no peito... 
Quando penso em tudo o que lá guardo, fico surpreendida... tanta gente e tantas coisas...
Parece-me um poço sem fundo, porque quando me parece estar cheio, quase a deitar por fora, surge sempre espaço para quem chega de novo... 
Nos meus momentos de reflexão, consigo vê-lo por dentro e dou comigo a observar o seu recheio, cada coisa em seu compartimento.
Começo sempre pelo espaço sagrado, aquele de quem só eu tenho a chave e onde se encontra o tal trono maior, onde está o tal rei... 
Depois vem a ala dos príncipes com seus amores, do meu príncipezinho e de outros príncipezinhos que ainda possam chegar...
Há a ala onde guardo as recordações de todos os outros que amei e já partiram...
Linda é a ala dos amigos, cujas paredes parecem afastar-se, por isso cabem os que tenho e todos os outros que venham a chegar... 
O resto é ocupado pelo céu com o brilho do Sol e a magia da Lua e o brilho cintilante das estrelas; pelo mar, pelas flores silvestres, pelas aves que esvoaçam sobre os campos e sobre o mar , pelo latir dos cães, pelo miar dos gatos, pelo canto das aves, pelo murmúrio dos regatos, pelos risos...pelos mimos e abraços, pelas emoções... 
Tal como todos os que cheiram a vida, também este se mantém aberto  a todas as maravilhas que este mundo tenha ainda à minha espera. 
Por tudo isto, creio mesmo que tem uma certa razão quem não entende este meu coração...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Hoje vou escrever-te...

Hoje vou escrever-te mais uma carta!
Será uma das muitas que te tenho escrito desde que partiste... Têm sido tantas! Escrevo-as sempre que deixa de me chegar falar contigo em pensamento, ou quando o que te quero dizer é demasiado importante... Escrevo-as em momentos de tristeza e desespero, em momentos de dúvida e também em momentos de alegria!
Andam à volta das quatrocentas... Não as materializo, como já é impossível materializar algo entre nós...
Já te escrevi quase todos os dias, mas hoje escrevo-te de vez em quando. Não porque te tenha esquecido, porque estou certa que nem um dia passou, sem que alguma coisa me fizesse recordar-te.
Hoje recordo-te já sem dor, uns dias com alegria, outros com mais tristeza, uns com uma saudade mais leve, outros, como agora, com ela a pesar-me no peito.
Escrevo-te a contar coisas que embora acredite que estejas a ver, quero ser eu a dizer-tas. Até hoje nada de importante que aconteceu na minha vida, deixei que não fosses o primeiro a saber. Todas as minhas dúvidas foram partilhadas contigo e as decisões que tomei foram aquelas que depreendi do resultado das “nossas conversas”.
Mas hoje vou escrever-te uma daquelas cartas, bem grandes, parecidas às do nosso namoro, em que tu dizias que levavas imenso tempo a ler, porque gostavas de lê-las várias vezes, por as achares tão lindas...
Vou dizer-te coisas que só a nós interessam, sobre mim, sobre os frutos do nosso amor e aqueles que chegaram depois, para lhes iluminar o coração e sobre aquele que te faria abrir a fonte da emoção a cada vez que o olhasses ou pegasses – o nosso netinho.
Vou dizer-te muitas coisas, mas a principal será que o trono maior do meu coração será sempre teu, mesmo que porventura a coroa real volte a ser usada…

 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mais um aniversário amargo

Aproxima-se a passos largos mais um aniversário bem amargo! 
Sinto-o aproximar e faço de tudo, para que o meu pensamento se mantenha no Agora e não corra nem para a data que me espreita e muito menos, recue no tempo e vá lá ter, aos momentos em que a dor ficou tão grande, que eu julguei não ter forças para a suportar. 
Sempre que páro da minha labuta diária, a mente, sem dó nem piedade, dá logo sinal de que me vai arrastar para a frente, ou pior ainda, para trás... 
Mas eu, que aprendi a estar desperta, dou pelas suas manobras e fico a sentir o seu propósito. Então respiro fundo e falo com ela e comigo.
A ela, à mente, digo-lhe: obrigada por me quereres fazer reviver parte da minha vida, obrigada por me quereres preparar para o tal dia, em que as forças sempre me escapam... Obrigada... mas deixa... eu estou pronta para quando esse dia chegar... 
A mim digo: Luisinha, já passou! Quando esse dia chegar, nada vai acontecer, porque o que te faz sofrer, não está a acontecer agora, aconteceu há oito anos. Nesse dia que está a chegar, aquele que mais amaste na vida, já não sofre, já está em paz num lugar que deve ser belo, pois ele era um ser humano maravilhoso. Não precisas chorar por ele. E por ti? Por ti também não. Hoje alcançaste a paz e a serenidade. Hoje já aprendeste a encontrar a força e a coragem dentro de ti. Hoje já aprendeste a amar-te e a viver contigo mesma. Então porque hás-de sofrer? Vais ficar triste? Claro que sim. Vais desejar que tudo tivesse sido diferente? Claro que sim! Mas vais também aceitar que tudo aconteceu, vais olhar dentro de ti e vais descobrir que antes de acontecer, tu e o teu amor, viveram um amor tão lindo durante quase 27 anos... Será que isso não será motivo suficiente para te aquecer o coração e encontrares serenidade dentro de ti, para ofereceres ao teu amor um dia tranquilo? Claro que sim! Aproveita esse dia, não para chorar, mas para meditar, para olhares dentro de ti e descobrires as maravilhas que aí guardas. 
Convencida de que cada um apenas por cá fica enquanto a sua missão não está cumprida, vou estar atenta à mistura de sensações, de emoções e de sentimentos que me vão invadir nesse dia e vou oferecer ao meu companheiro de sempre a única prenda que me é possível - um dia sem sofrimento.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Terça Feira animada

Hoje reparti-me entre o Centro de Dia e o Lar. 
De manhã orientei pela primeira vez a Atividade Física no Centro de Dia. Como habitualmente, realizaram-se exercícios de pé e outros sentadas. O material utilizado foi as bolas.
Penso que desempenhei satisfatoriamente o meu papel. Pelo menos as minhas meninas não reclamaram e fizeram todos os exercícios com grande alegria e satisfação, ao som de uma música bem animada.
Não tenho registo fotográfico, por esquecimento. 
De tarde rumei a Colos.
Como costume iniciámos com o momento de Atividade Física. Hoje consegui convencer mais dois meninos a participar, mas perdi um da semana passada, que fez como fazem as crianças, disse-me que ia ali e já voltava... não o vi até final da tarde... 
De seguida conversámos sobre o evento das Janeiras, que ocorreu no Cercal. Cantei-lhes a canção, mostrei-lhes algumas fotografias, principalmente onde eu estava, uma vez que foi de lá que trouxe parte da vestimenta. Satisfiz-lhes várias curiosidades: o que tínhamos recebido, por onde tínhamos andado, o que tínhamos feito às ofertas..
Seguidamente li-lhes algumas fábulas até à hora do lanche.
A seguir ao lanche propus-lhes como tema de conversa, os namoros do seu tempo. Acharam muita graça e contaram-me algumas coisas muito curiosas. 
Dado que é um assunto do foro íntimo, estou a fazer a recolha a nível de tópicos: como e onde normalmente se conheciam, as técnicas de conquista que os rapazes usavam, a etiqueta do namoro, onde namoravam, se saíam a passear e com quem, se trocavam cartas e quem as escrevia (porque poucas pessoas sabiam ler e escrever)... 
Logo que tenha todos os dados recolhidos, deixarei aqui o registo deste tema.

Na sequência de uma das fábulas que lhes li, a D. Idália lembrou-se destes versinhos: 

O leão é rei da selva,
o boi, rei dos animais, 
o Sol, rei do mundo
e o ouro, rei dos metais. 











segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Caminhar no Novo Ano

Quando as doze badaladas que anunciavam a entrada do novo ano começaram a soar e era suposto formular os 12 desejos, eu fiquei sem saber o que pedir...
Deixei de fazer pedidos à vida, porque acho que não sei fazê-lo e acabo por formular de forma pouco explícita os meus pedidos. Só o descubro quando me são concedidos os desejos. Depois fico a resmungar que não era bem aquilo, ou pior, sofro por ter recebido um presente envenenado.
Embora digam que esses desejos formulados devem ficar em segredo, caso contrário não se vão realizar, eu julgo que posso divulgá-los, não por os considerar menores, pelo contrário, estou ciente que são os desejos mais elevados a que alguém poderá almejar.
Então, com a caixa das uvas na mão, eu titubeava o nome das maiores preciosidades que julgo podermos ter na vida e que eu sinto que mereço, tanto para mim, como para os meus - Saúde, Paz, Alegria, Amor, Sabedoria, Tranquilidade, Força, Coragem, Prosperidade, Paciência, Tolerância e Humildade.
Não sei bem qual a ordem com que formulei os meus desejos, pois estava demasiado emocionada e a ver que não encontrava desejos suficientes.
Além deste ritual, quando regressei ao quarto e antes de adormecer, meditei e tracei alguns propósitos: aproveitar cada momento, deliciar-me com cada observação, cada aroma e cada som da natureza, oferecer muitos sorrisos, dar atenção a todos os rostos que puder,  partilhar a minha energia positiva se possível com o mundo e encantar-me com todos os gestos de carinho que vierem parar ao meu coração. 
Não faço planos, nem crio expectativas... Sonhos... difícil será segurar o meu coração sonhador..., mas poderei sonhar daqueles sonhos que apenas dependam da minha força, da minha coragem e da minha vontade.
Para este ano que há pouco começou, bastar-me-á que continue a evoluir na descoberta da minha sabedoria interior, que continue a amar-me e a distribuir este amor por tudo o que me rodeia e como acredito na lei do retorno, a coisa que jamais irá faltar na minha vida, será amor.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Porque me Dou?

Desde que me embrenhei por este novo caminho, estou mais atenta aos pensamentos, às emoções, às atitudes, às reações... Questiono-me imensas vezes sobre o que faço, o que penso, sobre as decisões que tomo... 
Não me martirizo quando tomo uma decisão "errada", ou quando reajo de uma forma "menos acertada" a algo que me dizem ou fazem. 
Mas todas as noites, antes de adormecer passo a "pente fino" tudo o que aconteceu ao longo do dia e tal e qual como fazemos nas limpezas, guardo no fundo do coração as coisas "boas", deito no lixo as outras, as que não interessam e procuro remediar o que considere que posso fazer melhor.
Já consigo perdoar com mais facilidade e também estou a fazer progressos no sentido de aceitar os outros da forma que eles são. 
Mas voltando atrás, quando medito tenho-me questionado acerca do motivo pelo qual continuo a fazer voluntariado com velhotes. 
No início foi para encher o tal vazio que me ficou, mas hoje essa razão já não tem o peso de antes. Hoje poderia ocupar os momentos de cada dia com outras coisas.
Ontem, enquanto esfregava as mãos uma na outra, para as aquecer, fez-se luz na minha consciência.
Recordei-me de como é bom, de como sabe bem, quando chego ao Centro de Dia ou ao Lar e me pegam nas mãos e quando as sentem frias, partilham comigo o pouco calor que os seus corpos ainda libertam, não desistindo enquanto não conseguem o objetivo pretendido. Cá no fundo, acredito que a rapidez com que as minhas mãos acabam por aquecer, não tem origem no calor das suas mãos cansadas e gastas, mas sim no seus corações, onde talvez o meu carinho tenha ateado uma chama de amor. 
Emociono-me sempre que fazem isso e não são apenas as minhas mãos que ficam quentinhas, é também o meu coração que aquece e passa a palpitar com mais alegria. 
Por tudo isto, concluo que esta minha atividade, não é apenas altruísta, é mais um gesto de partilha, uma troca de afetos...
Os momentos que eu passo com os meus velhotes, que eu designo por "minhas meninas", porque são mais senhoras, são momentos de amor que cada vez me dão mais alegria e prazer.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Tarde em Colos

Já estava cheia de saudades das "minhas meninas" de Colos! Não resisti e esta tarde fui fazer-lhes uma surpresa!
Pareceu-me que gostaram!
Fui encontrar umas carinhas novas. 
Depois de muitos beijinhos, abraços e miminhos, fomos à sessão de atividade física. Hoje o grupo estava maior, porque dois elementos do sexo masculino aceitaram participar.  Já estavam paradas há algum tempo, mas correu muito bem. 
Enquanto estavam sentados formando uma roda, aproveitei para fazer alguns jogos em que iam passando uma bola usando várias expressões e representando várias emoções: alegres, tristes, zangados, em voz baixa, em voz alta, gaguejando, cantarolando... 
Foi divertido e fartaram-se de rir. Costumava fazer este jogo com os meus alunos e o resultado foi idêntico. 
Seguiu-se a leitura de alguns contos e um dos amigos também nos brindou com um conto semelhante a um dos que eu lhes li.
Repetimos também uns trava-línguas e umas lengalengas que já tínhamos trabalhado anteriormente.
No final cantámos umas cantigas e algumas das "meninas" quiseram recordar as Janeiras e cantaram alguns versinhos.
Como foi a primeira atividade do ano, não podia deixar de ter registo fotográfico. Valeu-me a minha amiga animadora, que é sempre a fotógrafa de serviço.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Lutas que se travam

Apesar de fazer companhia a mim mesma durante praticamente todas as noites do ano e de isso me bastar, aquela noite em que o ano velho parte para dar lugar ao novo, continua a deixar-me com um nó que começa no peito e me chega à garganta. 
Nessa noite, não vale a pena escondê-lo, sinto-me sempre só!
Mas o pior é que aquela solidão que me assalta, é de difícil contento. É uma solidão seletiva. Não é sentir falta de uma companhia, mas sim sentir falta da companhia... daquela de outras noites como aquela... daquela que impedia que a solidão sequer passasse por perto... 
Com este pensamento, receei que, mesmo rodeada de gente, essa solidão me encontrasse e eu como tem vindo a ser hábito, não lhe resistisse... 
Mas com a força e a coragem de quem armazenou armas e munições para enfrentar todas as lutas, aceitei o desafio. 
Dei por mim numa sala cheia! Quando entrei, durante um tempo não me encontrei. Estava ali e não estava... Estava o meu corpo, mas o resto ou melhor dizendo o mais importante, não estava ali...
Desembainhei a espada da coragem e decidi desempenhar o meu papel naquele palco onde me encontrava. 
O tempo foi correndo e eu estava perfeita, a fazer tudo o que devia. Sabia que não estava completa, mas talvez fosse melhor assim...
Só que quando a contagem decrescente começou, a parte de mim que tinha fugido, reapareceu de repente e por momentos, toda a multidão que me cercava, era nada, para aliviar a saudade imensa e a solidão que me inundou o coração.
Nesses momentos desejei estar longe, no cantinho da minha  lareira, onde podia enganar-me quantas vezes quisesse no papel que devia representar naquela noite.
Fugi dali, mas também por breves momentos. Nesse canto em que pude sentir-me inteira, aceitei aquela mistura de emoções que me tinha tomado de assalto. Depois respirei fundo, limpei os vestígios de tristeza e já com o peito mais leve e sereno voltei aquela sala cheia e aceitei que aquela era a companhia possível e que aquele era o meu Agora. Com esta certeza, entreguei-me ao momento e vivi-o com uma certa  intensidade  tendo conseguido alegrar-me como julguei impossível que acontecesse.
No final orgulhei-me da minha força e soube que noutras noites como aquela, poderei sempre vencer a saudade, a tristeza e até aquela sensação de solidão, quer esteja sozinha ou mesmo numa sala cheia de gente.