segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Atividade Diária

Esta manhã a lotação estava quase esgotada na aula e ginástica da Casa do Povo. Tivemos que acrescentar cadeiras, à roda, por duas vezes! Juntámos 16 participantes! 
Como sempre, correu muito bem! Até os exercícios que fizeram de novo não ofereceram dificuldades à maioria!
Há um exercício que a Ana Filipa introduziu recentemente que algumas pessoas mais pesadas sentem alguma dificuldade, que consiste em levantar-se da cadeira e sentar-se a seguir, para tornar a levantar-se. Hoje já quase toda a gente conseguiu fazer dois ciclos de dez exercícios cada. Grande progresso! 
Hoje não tenho "reportagem fotográfica", porque deixei a máquina em casa, por esquecimento, mas vou deixar aqui uma foto de outro dia em que o material usado também foi o bastão. 


De tarde em Colos, também levei os bastões para fazer a Atividade Física. Foi novidade, porque sempre temos feito com bolas. Gostaram e realizaram os exercícios sem grandes dificuldades e especialmente com muita força de vontade.
Depois li-lhes o conto -  "Sumido sejas tu, como o vento", que falava sobre príncipes, uma princesa, feitiços.... Enfim tinha todos os requisitos para que elas participassem e se envolvessem nos vários momentos da história. Completavam as minhas pausas, sugeriam a forma como iria continuar e como iria terminar.
São estratégias simples para que elas retenham informação, associem  e relacionem as personagens e sejam criativas. O reconto da história em momentos também ajuda a exercitar o raciocínio. 
De seguida continuámos a trabalhar a memória com a repetição de versos e lengalengas. Hoje apresentei-lhe uma lengalenga nova, que trabalhámos, repetindo primeiro por partes e depois por inteiro. Há lá "meninas" que têm uma belíssima capacidade de memorização. Invejável mesmo! Ainda hoje, enquanto eu precisava de olhar para o livro de vez em quando, já a D. Idália repetia tudo à minha frente! :) Abençoada seja! 







sábado, 24 de novembro de 2012

Lembranças de Natais Distantes

Há uma amiga que em criança  perguntava ao pai o que era isso do Natal e o pai respondia-lhe que eram coisas antigas. O pai acabou por lhe dizer que era um velho que andava a descer as chaminés e deixar lá rebuçados. Ela sabia que algumas amigas punham o sapatinho à chaminé e ela também queria, mas não podia porque andava descalça.
Um ano pôs uma alpercata, mas não teve nada e o pai disse que  o "velho" não tinha escada para subir ao telhado. Ela ficou triste, porque as amigas receberam rebuçados e perguntou ao pai, porque é que o "velho", tinha conseguido ir às outras casas e a dela, não. 
O pai disse que  a chaminé era pequena e ele não tinha cabido, porque era muito gordo. No outro ano, voltou a pôr a alpercata à chaminé e de manhã tinha uns rebuçadinhos. Ficou muito contente! 

Outra amiga recordou uma manhã de Natal que foi com a mãe ao "rabisco" da azeitona, que consistia em apanhar as azeitonas que tinham ficado no chão depois da apanha, ou seja as mais ruíns. Ela ficou triste por ter que ir trabalhar no Dia de Natal. 

Uma  amiga contou que na véspera de Natal, depois de se matar o galo para comer no dia de Natal, a mãe fritava a cabeça e as miudezas cortadas aos bocadinhos e era o que comiam ao serão,  com um bocadinho de pão.  

Houve outra que contou, ainda com alguma tristeza que um irmão tinha colocado "bonicos de burro" no sapato que ela tinha deixado à chaminé.

Natal de antigamente

Tenho andado a recolher testemunhos acerca do Natal do tempo em que as "minhas meninas" eram meninas de verdade.
A véspera de Natal só era festejada pelas famílias com mais recursos. Aí juntavam a família mais alargada ao serão à volta da lareira. Cantavam as cantigas que sabiam, tocavam realejo, jogavam às cartas e comiam bolos de rolão que levavam azeite e açúcar amarelo, ou brandeiros com azeite e açúcar,  ou "enxovalhadas" que era pão com azeite, açúcar e canela e mais tarde começaram a fazer filhós e fritos.
Nas famílias muito pobres, o Dia de Natal era o único no ano em que comiam fatias de ovos e café com um bocadinho de leite, quando se levantavam. Para o jantar (agora almoço), costumavam comprar um bocadinho de cachola, que era o mais barato que havia, e faziam com batatas e dava para todo o dia.
Já nas famílias mais "remediadas", matava-se sempre uma galinha, ou galo, ou coelho, para comerem no dia de Natal e no dia seguinte. Considerando que a maior parte das famílias eram numerosas, vejam lá que porção de carne correspondia a cada um!
 Na manhã de Natal bebiam café com leite, comiam fatias de ovos e "carne de vinha d'alhos". Mesmo que não matassem porco, costumavam comprar um bocadinho de carne magra e outro gorda e comiam umas "talhadinhas". Algumas famílias compravam também peles de porco, orelha e carne de ossos.
Era hábito também, nestas famílias, como nas "abastadas", fazerem várias qualidades de comida no Dia de Natal. Faziam "jantares" de couve e de grãos com carne e ensopado de galo ou galinha, ou arroz com carne...
No dia seguinte não faziam comida, comiam os restos. 
Perguntei-lhes sobre o vestuário. A maioria vestia a melhor roupa que tinha, que tanto dava para verão, como para inverno e calçava os sapatos melhores. Algumas contaram que costumavam estrear um vestidinho de chita e apenas uma amiga contou que era hábito estrear roupa nova, de tecido mais quente e tinha um casaco comprido. 
Relativamente aos presentes, praticamente não havia, só em poucos casos foram referidos alguns rebuçadinhos no sapatinho.
Na altura era até habitual, os irmãos mais velhos e até em alguns casos o próprio pai, pregarem partidas aos mais pequenos, colocando nos sapatinhos coisas pouco próprias e mal cheirosas, como excrementos de burro. 
Assim era o Natal de antigamente, em que o mais importante era a comidinha na mesa e uns rebuçadinhos no sapatinho era o suficiente para encher de alegria qualquer criança...


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Recordações

Hoje mal acordei, como é habitual liguei-me à M80! 
A música que começou  a tocar, ligou o tal botão das memórias! 
Como que levada a velocidade cruzeiro, vi-me adolescente, a cantar aquela mesma canção com o meu amor!
Ambos gostávamos muito de cantar. Muitas vezes, nos nossos passeios pelos arredores de Beja, ou até num recanto do jardim, dávamos asas aos nossos dotes de "cantores".
Cantávamos muitas e as outras, quando as oiço, não se me aperta o coração, como quando ouço esta.
A canção que ouvi hoje, era a única que eu nunca conseguia cantar a última parte e nem queria que ele a cantasse. Quando ele teimava em fazê-lo, sempre rindo e brincando comigo, as lágrimas subiam-me sempre ao olhar.
Hoje, sempre que a escuto, não precisa de chegar a essa parte, para que o meu coração se aperte e a torneira se abra.
Foi assim esta manhã, porque apesar do sinal horário ter impedido que essa última parte chegasse, já o botão que escancara todas as emoções tinha sido pressionado e não houve volta a dar!
Não precisei ouvir o vaticínio na parte final dessa canção, em que dizia:
-Daqui a 20 anos, quando tu já fores velhinha
talvez eu já não exista para te ver
................................................ 
................................................ 
Parece que sempre soube, ou talvez, acho que sempre temi que viesse a acontecer! 
Entretanto serenei, lancei-lhe um sorriso carinhoso e olhando dentro de mim, repeti mais uma vez que aceito que a vida mo tenha levado. Respirei bem fundo, e ao mesmo tempo que limpava os vestígios da saudade nos olhos, limpava a dor que sentia por dentro. De olhar limpo, sorri à vida e ao dia que me esperava cá fora, cheio de bocadinhos de tempo e de coisas para apreciar. 
Pouco tempo depois, chegou uma doce e dupla surpresa, que foi ouvir a voz da minha filhota e o rumorzinho do Diogo.
Mais uma vez tive a certeza de que estarei sempre protegida e sempre que uma ameaça de tristeza chegar, uma benção já virá a caminho! É só saber esperar!

Chá de Laranja

O chá de limão é bem conhecido e utilizado para tratar constipações, gripes ou resfriados. Porém o chá da casca da laranja, não é tão vulgar.
Deixo-vos aqui esta sugestão! 
Para mim é bem melhor, porque como não fica amargo, toma-se bem sem açúcar e até fica um pouco adocicado, mesmo ao natural. Este chá tem um aroma muito agradável!
Além de ser bom para as situação que acima referi, também alivia a dor de cabeça. 

Modo de Preparação:
Ferver a água e deitar sobre as cascas de laranja. Depois deixar em infusão até a água ganhar cor. 
Mesmo sem queixas, é uma bebida deciosa para acompanhar umas bolachinhas ou um bolinho, que já são doces. 


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O lavar da roupa

Pelos dados que recolhi no Centro de Dia e no Lar de Colos, era idêntica a forma como era lavada a roupa antigamente.
Quando as raparigas completavam 12 ou 13 anos, muitas delas tomavam conta da roupa de toda a família, mas a partir dos 10 anos já algumas lavavam a roupa "miúda", meias, cuecas, peugos...
As que viviam em casa onde havia poço, habitualmente lavavam lá a roupa. As outras iam lavar ao barranco mais próximo, que mesmo assim por vezes ficava muito distante.
Neste caso, levavam a roupa numa alcofa à cabeça e levavam um cocharro de cortiça. Ao barranco lavavam a roupa de joelhos.
Quando lá chegavam molhavam e ensaboavam a roupa branca e punham  a corar ao Sol, nas ervas e iam  lavar a roupa escura e pôr a secar nos tojos ou outros arbustos que houvesse por perto.
A seguir lavavam  a roupa branca que punham também a secar. 
Enquanto lá estavam comiam um bocadinho de pão com um pouco de conduto que podia ser uma talhada de toucinho, ou um bocadinho de linguiça ou azeitonas.
Se o tempo estivesse bom, ficavam por lá o tempo necessário para trazer a roupa já seca. Caso não conseguissem, ao sol-posto voltavam para casa, com a roupa à cabeça. Iam quase sempre com algumas amigas e enquanto a roupa secava, conversavam, cantavam...
Algumas amigas falaram-me de um sabão que as mães faziam com borras de café e azeite.
Quem lavava ao poço contou-me acerca de um processo que usavam para a roupa branca. Chamava-se "barrela" e consistia em colocar a roupa branca dentro de um recipiente alto, de cortiça a que davam o nome de cortiço. Sobre a roupa punham um pano  e sobre isto colocavam cinza do lume. Depois deitavam água  a ferver que aqueciam num lume que faziam perto do poço.
Dizem que a barrela deixava a roupa muito branquinha. Há quem tenha continuado a usar este processo já depois de casada. 
Referiram que no período do racionamento, durante a 2ºguerra mundial, era muito complicado lavar a roupa, porque a quantidade de sabão que era vendida a cada família, era muito pequena. 
 



A D. Maria Emília explicou como se fazia a barrela no cortiço.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Atividades de ontem

Manhã: 
Ontem decorreu mais uma aula de ginástica no Centro de Dia! 
Grande aula, em atividade e em número de participantes! A lotação estava quase esgotada. Havia umas senhoras que há tempo não compareciam e que ontem estiveram presentes e tivemos mais uma iniciante, que se portou muito bem.
Quero aqui referir que esta atividade está a ser dinamizada a nível de voluntariado, quer por mim que apenas dou apoio, quer pela Ana Filipa Santos, que em virtude de se encontrar a receber subsídio de desemprego, julgo não poder passar recibos, mas apesar disso não quis abandonar o projeto. 
Faço questão de fazer esta referência, porque o empenho, a motivação e o carinho que a Ana dedica às "nossas meninas", não sofreu nenhuma alteração. Que lindo exemplo! 



 Tarde:

As atividades em Colos, decorreram como sempre num ambiente de grande alegria!  
Realizei com elas as atividades habituais. Começámos pela atividade física. A seguir li-lhes 2 contos tradicionais portugueses, a partir dos quais elas se lembraram de outros semelhantes e então cada uma contou o seu. Antes do lanche ainda ensaiámos as cantigas para a Festa de Natal das escolas. 
Depois do lanche conversámos sobre o Natal de Antigamente.
E a conversa foi longa, cada uma teve oportunidade de falar do Natal da sua infância. Deixarei aqui o registo dessa conversa. 
Entretanto o tempo tinha voado e eu despedi-me daquelas minhas queridas amigas. 
Já no caminho pensei que até me tinha esquecido de tirar umas fotografias... fica para a próxima!
Mas vou aqui deixar uma das antigas, uma das que mais gosto!



Lembranças da D. Marcelina

O grifo

Eu joguei a pedra ao grifo,
e o grifo nunca morreu,
ainda hoje me está lembrando,
o grifo, as voltas que deu!

A Mãe 

Minha mãe era uma santa
por quem eu tanto chorei,
pois amor igual ao dela,
eu nunca mais encontrei.


Versinhos da D. Ada

Os lobos

Anabela era um mimo em formosura
a moça mais gentil de todo o monte.
Em certa noite fria e muito escura,
pegou na cantarinha e foi à fonte.
Ao regressar a casa, Anabela,
na ponte, junto à  azenha do moinho
viu três enormes lobos junto dela,
vedando-lhe a passagem e o caminho.
A camponesa  trémula deveras,
não tendo outra passada e outra saída,
passou medrosamente pelas feras.
Os lobos nem sequer se incomodaram,
nem o instinto mau se revelou.
Quem sabe se até mesmo murmurariam:
Que linda rapariga que passou!


Aquela azenha velhinha

Aquela azenha velhinha,
à margem da ribeirinha,
que por vales serpenteia!
Era uma tarde de inverno,
o céu parecia um inferno,
estavam os astros em guerra!
A ribeira mal continha,
a grande cheia que vinha
pela descente da serra.
E vendo a cheia subir,
o moleiro quis fugir,
levando o filho nos braços,
pela ponte carcomida,
já velhinha e ressequida,
a desfazer-se em pedaços.
Mas nisto a ponte quebrou-se
e  com o moleiro foi-se,
na cheia da ribeirinha,
levando o filho consigo
e nunca mais moeu trigo,
aquela azenha velhinha.






domingo, 18 de novembro de 2012

É bom viver contigo, Luísa

Poderia dizer que há quase oito anos que vivo comigo mesma, mas pensando bem, acho que não há tanto! Digo-o porque durante mais de três anos, eu não me via, apesar de todos os dias, como toda a gente passar frente ao espelho. Parava lá, olhava e ajeitava aquilo que nem via e seguia arrastada pela vida que não pára,  nem ao menos abranda o ritmo, não se compadecendo de quem não tem força para caminhar, apenas se arrasta. 
Nessa altura eu sobrevivia agarrada ao passado, amando à distância, sonhando sonhos que havia concretizado e outros que o tempo não deu tempo para que deixassem de ser sonhos.
Um dia em que como em tantos outros parei diante do espelho, fi-lo de olhar desperto e o que vi encheu-me de horror! Era eu!? Toquei uma a uma todas as marcas que tinham aparecido no meu rosto desde a última vez que o tinha visto. Olhei para o espelho com compaixão por mim mesma e chorei muito. Não sei onde fui buscar tantas lágrimas naquele dia! Parecia que estava a esgotar a  fonte de todas as dores. Quando elas se acabaram, fiquei ali, nem sei quanto tempo e comecei a falar comigo. Prometi a essa Luísa que estava na minha frente que ia ajudá-la, que ia salvá-la, que ia amá-la e protegê-la. 
Acho que nesse mesmo dia levei-a a passear a ver o mar e lá, voltei a falar-lhe, dizendo-lhe que jamais a deixaria sentir-se só e abandonada.
A partir daí ficámos inseparáveis, eu a protetora, ela a protegida!
E desde esse dia eu e ela desfrutamos das pequenas coisas da vida, um dia de cada vez, ou até mais momento a momento e vamos seguindo de mãos dados, a um só coração.
Quando a força fica menor, penso nela e contemplando as maravilhas da natureza, ou olhando dentro mim, encontro sempre alento para seguir adiante. Juntas vamos distribuindo amor e carinho, vamos colecionando amizades e vamos recebendo multiplicado tudo aquilo que damos.
Com ela estou em paz, de espírito tranquilo!
Se vou ficar sempre assim, apenas com ela? Não sei, mas também isso é secundário.
Hoje... Agora, ela basta-me e tudo aquilo que faço na sua companhia, faz-me sentir plena.

Pregador em lã

Mais um modelo para uma prendinha de Natal!
Bastam uns restinhos de lã, para fazer estas rosetinhas a duas cores. Fazendo várias conjugações de cores, obtemos peças diferentes.  Depois coloca-se uma pregadeira atrás e está pronto o pregador, que dá para enfeitar o casaco, blusa, saco...
O ano passado fiz bastantes para oferecer a umas amiguinhas bem especiais! 
Este ano vou aproveitar a ideia para novas amizades... 




Produto de Limpeza Natural

Já está prontinho o meu produto de limpeza feito a partir de cascas de laranja e vinagre, proposta do Clube da Terra
Já foi testado e o resultado não podia ser mais positivo!
Aprovadíssimo! Aroma muito agradável e poderoso na remoção de gorduras! 
Para quem estava à espera da comprovação, aqui está ela! Podem avançar! 
Já tenho mais uma dose em fermentação. 


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cestinho de Bombons

Desde ontem que comecei a procurar materiais para fazer alguns presentes de Natal. 
São coisinhas simples, a maior parte feita a partir de materiais que vão sobrando de outros projetos.
Há sempre tecidos, linhas e lãs que ficam sem que a quantidade seja suficiente para obras maiores. 
Pois então, juntei todas essas coisas e ando em experimentações a ver o que resulta melhor. 

O primeiro trabalho que saíu foi um cestinho para bombons
Basta um quadrado de tecido, com uma rendinha à volta e depois fecha-se com uns pontinhos. 
Também se pode usar só tecido para fazer o cesto e depois fazer um laço com ráfia ou tecido. Para isso tem que se usar um bocado maior. 
Quem vai receber estes presentes,  vai certamente dar alguma utilidade ao pano do cestinho, que mais não seja para tapar o copo de água que levam para a mesa de cabeceira, ou dobrado a enfeitar o casaco.





quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Nossa Beleza Interior


Dentro de nós, lá no nosso interior profundo, crepita uma fogueira de energia!
Essa energia é uma fonte de alegria e de amor. É lá que reside a nossa beleza interior! Acredito que todos a temos!
Em algumas pessoas essa fonte poderá estar mais à superfície, noutras lá bem no fundo, coberta por imensas capas de medos, de inseguranças, de emoções e sentimentos negativos. Para aceder ao nosso interior profundo, basta aprender a observar os nossos pensamentos, depois tentar calar a mente tagarela e sentir. 
Sentir a vida dentro do nosso corpo, sentir a sua energia e deixar de ver apenas a sua forma. A alegria que sentimos, é algo inexplicável! Damo-nos conta de que nos bastamos, que não precisamos de mais ninguém para sentir aquela alegria interior. Sentimo-nos seres únicos! Sentimo-nos especiais! Sentimo-nos detentores de uma beleza que vai para além do aspeto exterior! Somos Nós, de acordo com a verdadeira essência!
Nós próprios a sentir a nossa essência, o ar para respirarmos, água, algum alimento, roupa para nos aquecermos e nada mais... Nesses momentos parece que isso seria o suficiente!
Então é tamanha a alegria que sentimos, que precisamos de a partilhar por quem nos cerca e vêmo-nos a distribuir sorrisos, abraços e mimos e quanto mais damos, mais temos para dar...


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Trabalhos da D. Engrácia

A D. Engrácia escolheu para nos contar a seu dia-a-dia já depois de casada. 
Tinha 3 filhos, uma menina e dois meninos. Enquanto a mãe ia trabalhar, ou iam para a escola, ou ficavam em casa e alguma vizinha reparava por eles.
Levantava-se cedo, almoçava e dava o almoço aos filhos: café e pão com manteiga e ia para o campo. 
Costumava trabalhar 6 dias e tirava 1 para ficar em casa.
Nesse dia lavava a roupa e fazia pão. Amassava e deixava a massa a fermentar. Entretanto com o alguidar à cabeça, ia levar para o poço. Lavava parte da roupa e vinha para casa, acender o forno e tender o pão. Depois punha-o no forno e voltava ao poço para continuar a lavar a roupa. 
Nos dias em que ia para o campo, levava para o jantar num talego - um bocado de pão com um bocadinho de linguiça "metade de meia quarta de línguiça", que era aproximadamente 25g e 2 figos secos. Esse bocadinho de linguiça custava oito tostões. 
Normalmente voltava para casa com 1/2 h de sol, porque em vez de terem 1h para jantar, tinham apenas meia hora, para virem para casa mais cedo. Conta a D. Engrácia, que por vezes os manajeiros não davam ordem de pararem de trabalhar e chegavam a casa já quase à noite. 
Quando chegava a casa, acendia o lume e fazia sopa de tomate ou açorda, para a ceia.
O marido trabalhava fora, também no campo e só vinha no fim-de-semana, para mudar de roupa e levar o farnel para mais uma semana.
O marido da D. Engrácia fazia vários trabalhos, conforme a época do ano. No inverno trabalhava com uma parelha de bestas. Tirava cortiça no verão, limpava as árvores e os campos...
Quando vinha do trabalho, ao serão a D. Engrácia fazia meia, arranjava outras que precisassem e cosia a roupa dos filhos.
Quando não havia trabalho no campo para fazer, ficava em casa, remendava  roupa e fazia roupa para toda a família. 
Trabalhos que fazia no campo:
- Apanhava azeitona
-Mondava
- Cavava milho
- Apanhava tremoços, chícharos e grãos
- Ceifava
- Apanhava milho
- Desencamisava 

Vida muito dura, diz a D. Engrácia!




terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tarde em Colos

Mais uma tarde bem agradável no Lar de Colos!
Como sempre começámos pela Atividade Física, a que já não se escusam. Há quem diga que já sente mais facilidade em mexer as pernas!
Depois veio a Hora do Conto, em que lhes li um conto que encontrei no blog www.narotadaspalavras.blogspot.com da responsabilidade de uma colega e onde encontrei histórias muito interessantes. 
O conto era bem extenso, mas nem por isso perderam "o fio à meada". Gostaram bastante, porque era cheio de magia e aventuras e baseava-se nos valores da honestidade e da partilha. 
Antes do lanche ainda jogámos ao Jogo dos Provérbios, que é sempre recebido com muito agrado e já havia um tempo que não jogávamos. 
Após o lanche houve tempo para uma sessão fotográfica, que leva sempre o seu tempo! Há lá meninas que gostam de se ajeitar, para ficarem ainda mais bonitas... e depois querem ver como ficaram... Não é lá de qualquer maneira! Eu e a minha amiga animadora revezámo-nos no papel de fotógrafas. Foi uma festa!
No final ainda recolhi mais umas lembranças da vida de outros tempos, que publicarei outro dia. 
Ah, muito importante! Ainda estivemos a escolher e a ensaiar algumas canções do repertório para a Festa de Natal! 
 E assim se passou a tarde! Fico sempre mais um bocadinho, porque falta sempre alguma coisa... Mas o que se faz com satisfação, nunca cansa, pelo contrário dá imenso gosto e muita alegria! 


 A D. Idália e a D. Maria Inácia bem me tentaram ensinar uns truques com as mãos, mas eu não consegui aprender! Metem dedos, tiram dedos... viram mãos, costas com costas, sem mexer os braços... enleei dedos e mãos e nada... Uma festa para elas! :)



Hora do Conto! Concentração máxima!







Então a fotógrafa não viu que eu estava com os olhos fechados! Ai, ai...




segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ginástica no Centro de Dia

As nossas atletas e o nosso atleta, estão cada vez mais em forma! 
É verdade, só quem vê a evolução! 
O caminhar que tem aumentado progressivamente, os exercícios que já quase todos fazem, sem se segurarem à cadeira, que são optimos para o equilíbrio, os exercícios de baixar e levantar, de elevar as pernas e hoje um exercício que fizeram pela primeira vez, que foi o de sentar e levantar. Pode parecer que não é nada, mas nestas idades é muito difícil levantarem-se de uma cadeira ou do sofá sem terem um apoio.
A Ana Filipa Santos está a fazer um trabalho maravilhoso e os resultados saltam à vista. 
As próprias "atletas" se animam com os progressos que notam e nos movimentos que antes custavam a fazer e agora já conseguem com menos esforço.
Estas aulas foram uma ótima aposta por parte da direção! Pena que nem todos aproveitem, mas nestas idades também não podemos forçar, no entanto temos conseguido manter quase todas as que iniciaram e levado mais alguns. Talvez muitas pessoas não saibam, mas a direção abriu estas aulas aos sócios com mais de 65 anos. Se todos as pessoas que se mostraram interessadas continuassem a frequentar, o grupo rondaria os 20 elementos, o que seria um número excelente. Mais já seria complicado, porque muitas vezes é necessário dar algum apoio individual  a algumas pessoas. No entanto há sempre quem não apareça, ficando-se em média o número de presenças pelos 12 a 14.


Ice Tea Natural

Embora já tenha deixado a sugestão no facebook, quero também deixá-la por aqui! 
Toda a gente sabe que o ice tea que se compra é altamente calórico, devido às grandes quantidades de açúcar que contêm. Além disso tem ainda os corantes e os conservantes.
Então se nós fizermos uma boa cafeteira de chá com ervas medicinais, ou quem não tiver, com saquetas e colocarmos apenas o açúcar necessário, que poderá ser substituído por adoçante ou sacarose, ficará bem mais saudável.
Depois de frio, guarda-se no frigorífico e é uma bebida bastante agradável para acompanhar as refeições em qualquer época do ano.
Apesar do tempo frio, se regularmos o nível de temperatura do nosso frigorífico, a bebida não ficará demasiado fria. Depois ainda tem a vantagem de, se usarmos plantas medicinais, essa bebida contribuir para uma fácil digestão. 


Produto de Limpeza Natural

O meu produto de limpeza, sugestão do Clube da Terra,  já está em preparação!
Cascas de laranja mergulhadas em vinagre, durante 8 a 10 dias. Depois é só colocar o líquido num frasco borrifador. 
Dizem que é muito bom para ser usado na cozinha, desde bancadas, fogão e frigorífico.
Deverá também ser agradável para a casa de banho. 
Quero também testar com cascas de limão! 
Mais uma solução de poupança e de aproveitamento.
Ainda há dias tinha umas laranjas na minha laranjeira, que estavam a abrir. Apanhei-as e deu para fazer néctar na bimby e as cascas aproveitei-as para o produto de limpeza.


Juntei-lhe depois mais umas cascas, porque achei que seriam poucas! 

 Agora é só esperar! Depois digo-vos se o resultado é positivo!

domingo, 11 de novembro de 2012

Reflexão

Nunca deixarei de lamentar a perda irreparável que tive. O companheiro que Deus ou o Universo me emprestou e que eu amei com um apego tal, que passei todo o tempo em que o tive aqui do meu lado, com medo de o perder.
Devia tê-lo amado como se ama algo de muito precioso que nos emprestam por um tempo. Cuidamos com todo o cuidado e estamos alegres e felizes por poder desfrutar dela por um tempo...
Mas na minha relação não foi assim! Eu temia que alguma coisa acontecesse, quase jurava que um dia iria perdê-lo...
Quando nos namorávamos, levei um bom período para acreditar que ele me amasse. Hoje analisando conscientemente essa situação não sei se era porque não me achava merecedora de ser amada, ou se já tinha medo de uma perda futura. É a tal ideia de que se não tivermos, não perdemos...
Como referi acima, nunca deixarei de lamentar o que aconteceu e mais ainda o estado de plena insconciência em que vivia então. O medo do futuro subjugava-me e impedia-me de viver o presente, o Agora! Porém estou certa que foi o sofrimento pelo qual passei que me fez despertar. Cheguei a um ponto que praticamente toda a energia que gerava era alimento para o sofrimento. Digo praticamente, porque a restante era entregue durante o meu trabalho. Acredito que era na minha atividade com os miúdos que eu conseguia estar presente, que conseguia ir lá dentro e dar o melhor do meu interior profundo. Só assim se explica que durante tanto tempo de depressão, eu tenha trabalhado sempre e em tantos momentos tenha sentido uma alegria tão grande dentro de mim. Quando os via motivados e alegres durante o trabalho, eu sentia brotar de mim um amor imenso que me trazia lágrimas aos olhos. Eles eram como que um oásis no meio do deserto árido em que eu vegetava.
A dor era tremenda, não dava para suportar! Estava no limite e foi aí que se iniciou a busca pela salvação. Primeiro a psicoterapia e depois já de pé e preparada para dar pequenos grandes passos e a conseguir continuar a dar vida à parte física e a domesticar os pensamentos, comecei em busca de alimento para o espírito.
Pelos caminhos da leitura, encontrei-me com a sabedoria de Eckhart Tolle, Deepak Chopra, Louise L. Hay, Osho, Brian Weiss, que me despertaram para a verdadeira essência do ser e para a verdadeira alegria que está dentro de nós que podemos sentir quando observamos as coisas simples e belas que nos cercam e quando damos o nosso amor e perdoamos os outros.

sábado, 10 de novembro de 2012

Momento à Lareira

Ontem, como em tantas outras noites, estive sentada à lareira!
Sózinha? Não, comigo mesma! 
Noutros dias, de repente vejo-me acompanhada de imagens de situações de vida do passado e outras que fantasio para o fututo. 
Os pensamentos não param de chegar, quase se atropelam e eu, estou ali e não estou! Estou longe, bem longe! As emoções "boas" e "más" inundam-me o coração, sempre que eu deixo que a mente comande o momento e encontro-me com tudo, menos comigo mesma. 
Mas ontem foi diferente! Escolhi uma melodia bem suave, segurei nas mãos, bem juntinho ao rosto, uma caneca de chá fumegante e sentei-me frente à lareira. 
Para me manter mais presente, fechei os olhos e fiquei ali, apenas a sentir!
Sentia o calor do chá nas minhas mãos, o seu aroma a entrar-me pelas narinas e o vapor a aquecer-me o rosto. Sentia o calor do fogo e o som do seu crepitar misturava-se com a música que soava de mansinho! 
A minha respiração era simultâneamente leve e profunda! 
A mente bem quis intervir, mas eu sorria e mostrava que estava alerta. Desta vez não queria que ela me transportasse dali, nem para o passado, nem para o futuro. 
Queria apenas estar ali e continuar a sentir, a sentir...  E não tardou muito que me visse envolvida num misto de paz, serenidade e de uma sensação de plenitude que desperta em mim aquela estranha e nova forma de alegria , que me inunda o peito, sempre que me concentro no Agora. 
Mais segura do meu estado de presença, abri os olhos e ali fiquei contemplando a dança das chamas, de mente desligada. 
Então dei ordem ao pensamento consciente de se manifestar e ele perguntou-me: De que precisas Agora? 
E eu respondi-lhe: Agora? De mais nada! :)


Lengalengas, Trava-línguas, ...

Zé Coxinho 

Aí vem o Zé Coxinho
a cavalo num burrinho.
O burrinho é fraco
a cavalo num macaco.
O macaco é valente,
a cavalo numa trempe.
A trempe é de ferro
a cavalo num martelo.
O martelo bate sola,
a cavalo numa bola.
A bola é redonda,
a cavalo numa pomba.
A pomba é branca,
a cavalo numa tranca.
A tranca é da porta,
arriba Zé da Horta!                               (D. Idália - Colos)

A Pega
Em cima da sebe seca
papa a pega a fava seca.
Se a pega papa a fava,
porque não papa a fava, a pega?           (D. Simone - visitante do Lar de Colos)

A Pipa

Debaixa da pipa está um pinto
pinga a pipa, pia o pinto.
(repeir várias vezes)                               (D. Maria Guerreira - Colos) 

Copo, Copo
Copo, copo,gargalhopo,
gargalhopo, copo cá.
Quem não disse três vezes
copo, copo gargalhopo,
gargalhopo copo cá,
este vinho não beberá.                            (D. Idália - Colos)  

Quantos são?
(As palavras têm que ser lidas de seguida)
Três  a ceifar
Três a atar
Três a ceifar
Três a atar
Três a ceifar
Três a atar                                                 (D. Emília - Colos)

Quantos são?  (Tresa a ceifar... Tresa a atar...) Tresa - Teresa  É só a "Tresa"


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os Dias da D. Preciosa

Levantava-se muito cedo e ia com a mãe limpar a cavalariça. A seguir iam varrer a rua e carregar água. Depois é que iam tratar da limpeza da casa e fazer o almoço.
Outras vezes levantam-se e iam para o milho, apanhar as ervas e desbastar. Esse milho que era apanhado, iam dar aos porcos.
Por volta das 9h voltavam para casa e iam então carregar água, varrer a rua, fazer o governo de casa e tratar do almoço. O almoço eram quase sempre sopas de toucinho e diz a D. Preciosa, que era bom! 
Por volta do meio dia era o jantar que podia ser jantar de feijão, ou feijão verde ou ervilhas, conforme o que tinham na horta.
No tempo de debulha, todas as tardes coziam uma porção de batatas miudinhas e comiam de azeite e vinagre umas vezes com ovos, outras com bacalhau, que era a merenda.
Todas as semanas <coziam>, ou seja faziam pão. 
A D. Preciosa conta que uma vez a mãe levantou-se e foi para o poço, lavar a roupa. Ela ficou em casa amassando e quando a mãe chegou, já o pão estava capaz de tender,  já o forno estava aceso e já tinha também feito o almoço.
A D. Preciosa diz que se levantavam mesmo muito cedo, mas que não custava nada! Toda a gente vivia assim...


D. Preciosa - Lar de Colos

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Os Dias da D. Idália

Conta que bem nova, levantava-se muito cedo e ia comendo um bocadinho de pão, a caminho do trabalho no campo. No tempo das amoras, comia pão com amoras. Quando não havia, comia sem nada, outras vezes nem levava.O trabalho começava ao nascer do Sol.  Costumavam levar alguma coisa para fazerem para o almoço e para o jantar. O almoço era por volta das dez horas. Era quase sempre < umas sopinhas de batata >. Quando acabavam de almoçar, < ficavam logo uns feijanitos, ou uns grãos, ou umas folhinhas de couve a cozer>, para o jantar. O manajeiro ia fazer um lume comprido e todas punham as panelas à roda. Depois mais tarde era o jantar, em que cada uma comia da sua panela. 
À tarde tinham direito a meia hora de Sol e vinham embora.
Conta que quando trabalhou na Ferraria eram os patrões que davam a comida e  merendavam lá. Uma hora e meia antes de virem embora comiam  pão com queijo. A D. Idália conta que aí, o almoço era sempre sopas de toucinho, com umas talhadas muito grossas que pareciam lesmas. Ela só comia as sopas e deitava as talhadas fora. Às vezes levava umas < zeitonitas > para comer com as sopas. Ao jantar era < grãos solteirinhos, sem mais nada>.
A merenda ao fim do dia era um quarto de pão e metade de um queijinho pequenino do roupeiro da Ferraria, que cheirava mal, < a suor dos pés >. Diz que jogava o queijo fora, comia metade do pão e trazia o outro bocado para casa.
Quando chegava a casa, comia uma açorda sem nada. 
Também lavava a roupa, ou no barranco ou ao poço do avô. Ao poço lavava num alguidar de ferro. Quando ia ao barranco levava num cocharro de cortiça. Lavava a roupa numa pedra, de joelhos. Mais tarde o avô fez um <lavadouro> de pé. 



 D. Idália - Lar de Colos


Um Dia da D. Maria Emília

A D. Maria Emília contou-nos que começou a mondar aos nove anos.
Escolheu para nos contar o seu trabalho em casa de uns lavradores, quando tinha catorze anos. O seu trabalho consistia principalmente em fazer a comida para os homens que trabalhavam nas terras do patrão. 
Lavantava-se muito cedo para fazer papas que o moço de recados ia levar aos homens, para comerem antes de irem para a lavoura. Esta refeição era o almoço. As papas eram feitas numa panela de barro muito grande e depois eram postas nuns latões onde eram transportadas de burro. 
Depois começava logo a preparar o jantar, porque como toda a comida era feita em lume de chão, demorava muito tempo a cozinhar.
O jantar tinha que chegar aos trabalhadores às 2h da tarde. Costumava fazer jantares de feijão com abóbora, ou batatas, ou favas, ou sopa de batata. Diz que quando era sopa  de batata como era muita gente, levava muito tempo  a "migar" as sopas e por vezes pedia ajuda ao moço de recados. 
Depois de fazer o jantar também fazia queijos e lavava a roupa dos patrões num barranco ou ao poço. 
Uma vez por semana fazia pão. Amassava num alguidar de cobre e quando a massa estava boa, vinha a patroa tender o pão. Mas era ela quem acendia o forno, depois varria e cozia o pão.
À hora da merenda servia a cada homem, um pão pequeno e metade de um queijo.
No fim do dia, a ceia dos homens que ficavam  a dormir no monte era idêntica ao que era servido à merenda.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Um dia da D. Custódia

A D. Custódia escolheu contar-nos um dia com dez anos de idade no mês de maio. Toda a gente achou estranho, inclusivé eu, mas ela explicou que tinha  a ver com o tipo de trabalho que variava de acordo com os meses do ano. Diz que fazia também outras coisas, noutros dias.
Então, com apenas dez anos, mal se levantava, ia buscar uma quarta de água. A mãe fazia o almoço - papas, que ela ia levar ao pai. Depois ficava no campo a cavar milho com o pai. 
Ao meio dia a mãe ia levar o jantar: feijão com arroz e carne, ou grãos, ou feijão com couve, ou sopas de batatas,... 
À merenda comiam pão com azeitonas. 
Antes do sol-posto vinha para casa com o pai, tratava dos bichos: galinhas e porco. Depois ceavam açorda e «a seguir cama» - como conta a nossa amiga !


Um dia da D. Maria Antónia

A D. Maria Antónia Matos, contou-nos ontem o que habitualmente fazia ao longo de um dia a partir dos doze anos de idade. 
Levantava-se cedo para fazer papas para ir levar ao pai, que tinha que comer antes do nascer do Sol, para depois começar a trabalhar. O seu pai era ajudante de boieiro e ficava a dormir no campo, junto do gado.  A esta primeira  refeição chamava-se o almoço.
Quando chegava a casa, ia levar o café à mãe que ainda estava deitada, porque era doente. Depois é que ia comer pão com manteiga e café. 
A seguir fazia a lida da casa. Fazia as camas, ia buscar água ao poço, tratava dos animais, fazia a comida.
Depois ia levar o jantar ao pai. O jantar era a refeição que se comia no início da tarde.Costumava ser feijão com arroz, ou grãos, sopas de batata... 
Quando voltava,  comia com a mãe e tratava do resto da lida da casa. 
Uma vez por semana, depois do "jantar" ia lavar a roupa de toda a família a um barranco bem distante. Lavava a roupa escura  e estendia, enquanto a branca ficava a corar. Quando estava bom tempo, só vinha para casa quando a roupa estava seca. Quando não, trazia-a molhada. Enquanto lá estava merendava. A merenda era habitualmente pão com queijo. 
Quando vinha para casa, fazia a ceia que costumava ser açorda, restos do jantar... Esta refeição fazia-se ao sol-posto. 
Também tratava do porco, que costumavam engordar e que depois de morto era salgado e a carne dava para todo o ano. 
Conta que só comiam fatias de ovos pelo Natal. 
Deitavam-se muito cedo, pouco depois da ceia. 



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Reflexão

Hoje enquanto o meu filho me ajudava na tarefa de carregar a lenha para o quintal, dei comigo a refletir, como em tantas outras vezes em que ele me ajuda. 
Realmente, pela minha experiência de vida, cada vez estou mais certa de que Deus ou o Universo, estão sempre a cuidar de nós. Dão-nos ou  emprestam-nos coisas e pessoas e mais tarde levam-nas, mas quando isso acontece, já nos deram ou emprestaram outras coisas ou outras pessoas, que nos possam reconfortar das perdas que tivemos.
Vejo isso em tantas situações da minha vida! Posso estar a divagar, mas quanto mais revejo certas situações pelas quais passei, mas convencida fico de que é assim. 
Os problemas que passei com as doenças dos meus pais que só me ficaram mais leves porque tinha ao meu lado quem me ajudava de todas as formas possíveis. Pouco tempo depois de tudo ter terminado, também ele acabou por partir. Foi como se a sua missão fosse a de me acompanhar e apoiar durante aquele período tão difícil! 
Um dia o meu companheiro teve um acidente de trabalho, que muito nos preocupou e que podia ter tido graves consequências. Mas com a graça dos céus, ele recuperou. Pelo acontecido e por alguma incapacidade com que ficou, recebeu uma indemnização. Foi esse dinheiro que nos veio ajudar a fazer face aos nossos compromissos, quando ele adoeceu e deixou de poder trabalhar. 
Mas hoje, como em todos os momentos em que posso contar com a ajuda do meu filhote, a ideia que me aflorou o pensamento, foi a de que ele foi sem qualquer dúvida uma dádiva de Deus ou do Universo! Foi ele que acabou por ficar aqui por perto, dando-me companhia enquanto eu estava de rastos.  Foi pensando em poupá-lo a uma imagem que jamais o abandonaria, que eu ganhei forças para resistir à tentação em alguns momentos, em que a vontade de antecipar a partida me fustigou com mais força.
Não foi planeado! O meu filho foi gerado no período em que passávamos por grandes dificuldades financeiras. Nessa altura, não sabia o que sei hoje, mas tanto eu como o pai, nem por um segundo considerámos a hipótese de impedirmos que a natureza seguisse o seu curso, sabendo que tudo lhe poderia faltar, menos amor.
Só pode ter sido Deus ou o Universo a enviar-mo!
Porque estou a partilhar tudo isto? Não é para causar emoções ou tristezas. É apenas para que, quando acontecer algo que à primeira vista possa parecer menos bom, quem sabe um dia não se tornará maravilhoso!
O importante é acreditar que estamos protegidos e deixar a vida correr o seu rumo, em paz.
Há muito tempo que deixei de fazer pedidos! Aprendi a aceitar o que já perdi, a dar graças pelo que vem até mim e tentar viver com serenidade de espírito! 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Adivinhas

            I
Branca como a neve
preta como o pez
barriga de cabaça
boca de turquez!

O que é?

                   II
Muitas meninas numa varanda
todas a chorar para a mesma banda.

O que é?

                 III
Cinco meninas numa rua
quatro vestidas e uma nua.

O que é?

                 IV
Verde foi meu nascimento
sempre tenho estado presa
tenho água dentro de mim
sou fresca de natureza.

O que é?

                 V 
Verde foi meu nascimento
mas de luto me vesti
para dar a luz ao mundo
mil tormentos padeci.

O que é?

                VI
Sou estrangeira de nação
em Portugal fui vendida
o meu ofício é prisão
por sorte não estou perdida.

O que é?

                 VII
Uma delicada ama
o ofício dela é comer
mastigar e deitar fora
que engolir não pode ser.

O que é?

                  VIII
Tem dentes e não come
e dá de comer a quem tem fome.

O que é?

                   IX
Eu sou um pobre encolhido
ao pé das moças estou estendido
dou-lhes o que elas não têm
e com elas fico bem.
Queres saber, dá um vintém!

O que é? (Nada de maldades, que  a D. Idália não é dessas coisas!)

                        X
O que é aquilo que antes se fazia com a boca
e agora faz-se com os dedos?

O que é?

                        XI
Doze meninas, todas têm quartos,
todas têm meias,
nenhuma tem sapatos.

O que é?

Bem não devia publicar as soluções, mas vá lá! Também não sabia muitas delas!

I -formiga            II- gotas da chuva a cair dos beirais         III- as agulhas com que se fazia meia, havia 1 que estava sempre de fora.            IV - melancia            V - azeitona, quando se usava o azeite nas candeias para alumiar            VI - agulha, presa ao tecido         VII - a serra a serrar a madeira         VIII - o garfo            IX - o leque           X - apagar a luz, antes soprava-se, agora desliga-se o interruptor        XI - a hora, com os quartos e as meias horas

Lembranças da D. Idália, D. Engrácia, D. Maria Guerreira e D. Emília


O Dia de Hoje

Como é habitual, a manhã foi passada no Centro de Dia, a apoiar a aula de ginástica. Hoje a turma estava muito reduzida, por causa de umas constipações e outras coisitas mais. Mas correu bem, porque quem lá estava, tinha muita vontade de trabalhar. A professora Ana, volta e meia comenta que ninguém diz nada! Eu acho que isso só demonstra que são inteligentes, pois a conversar perdem energia! :) 










De tarde fui até Colos! Disseram logo que estavam cheias de saudades, quiseram saber do meu netinho e da minha filha. Uns amores! 
Fui dar com as "minhas meninas" todas encasacadas e pensei que hoje não queriam praticar a atividade física. Estava enganada, porque quando lhes perguntei, a maioria disse logo que sim, acabando por convencer as outras. 
Depois li-lhes o conto "A afilhada de S. Pedro", cuja leitura acompanharam completando frases que eu ia deixando incompletas ao longo da leitura. No final resumimos o conto e ainda sugeri alterarmos o final, porque elas não acharam lá muito jeito à forma como terminou, porque a rapariga casou com o rei que já devia ser velho (achavam elas) e a história devia ter um principe... 
De seguida comecei a recolher histórias de vida, para refazermos um dia de antigamente. Saber a que horas se levantavam, o que faziam logo de manhã, as refeições, os trabalhos ao longo do dia... Demorará algum tempo a recolher estas informações, tanto em Colos como no Cercal, mas acho que será interessante. 
A seguir ao lanche treinámos alguns trava-línguas, li-lhes umas anedotas, algumas adivinhas e pedi-lhes que se recordassem de algumas, que aqui vou registar. 
No final, como não podia deixar de ser, fizemos  a despedida com uma alegre rapsódia!
Como sei que elas gostam muito de música, fiz uma seleção daquilo que tenho e deixei-lhes lá uns Cds, que achei que seriam do seu gosto, para ouvirem durante a semana.



sábado, 3 de novembro de 2012

Minha Casa, Meu Ninho, Meu Abrigo

A minha casa é o meu cantinho preferido, o meu abrigo, o meu refúgio!
Quem me conhece bem, sabe que não me prendo a bens materiais, mas o modo como vejo a minha casa está para além do que material ela pode valer. O meu cantinho é mais um bem de inigualável valor sentimental.
Ao longo dos tempos as suas dimensões variaram no meu conceito e na minha forma de a sentir.
Houve tempos em que a sentia como um ovinho a estalar, de tão cheia que estava. 
A pouco e pouco foi sobrando espaço, mas continuava a não a sentir demasiado grande.
 Porém, a partir de certa altura, além de a sentir grande, tinha a perceção de que as paredes se afastavam, as divisões tomavam proporções astronómicas e eu sentia-me minúscula e perdida naquela imensidão de espaços vazios que se me afiguravam dantescos e tenebrosos, que de repente se fechavam e quase me sufocavam. Muitas vezes via-me forçada a sair à rua para poder respirar.
Quando regressava do trabalho e metia a chave na fechadura, já o pânico criara raízes no meu espírito e eu sabia que ao rodar a chave encontraria o tal ar denso que não descia e aquela imensidão gélida que me fazia tremer de frio e principalmente de terror.
Com o passar do tempo, as paredes deixaram de mexer e eu volltei e redescobrir nela um espaço acolhedor.
Comecei a senti-la como  um imenso livro recheado de memórias!
Cada canto afigura-se-me uma página e cada uma delas conta histórias de momentos, uns maravilhosos, outros não tão bons e outros bem tristes, mas todos eles fazem parte de mim e me tornam inteira. 
Tenho dias que olhando cada canto, sinto-me numa sala de cinema, por onde vai passando o filme da minha vida e de acordo com cada cena, assim sorrio, dou risadas, ou me entristeço, choro de emoção, de saudade e por vezes de dor. 
Porém estou a reaprender a sentir a minha casa e a vê-la como um espaço de paz e de harmonia! 
Para isso preenchi os cantos que me traziam de volta a tristeza e a dor, com livros, música e recordações dos momentos felizes! Para me tornarem leve o espirito, visualizo neles imagens que me falam das belezas do mar, do céu azul com sol radioso e enfeitado de nuvens que apelam à fantasia, durante o dia e com  a magia do luar e de estrelas cintilantes, durante a noite; da beleza dos campos perfumados e floridos e de todas as coisas belas e puras que continuam aqui, para me encantar e alegrar a vida. Preenchi todos eles com coisas que me falam de amor, que falam do Agora, de modo que a minha casa seja cada vez mais o abrigo onde eu possa respirar paz e serenidade, onde me sinta segura e possa deixar vir acima toda a minha essência.  E com o tanto que me sinto bem neste meu canto, neste meu ninho, apesar da minha capacidade sonhadora, tenho alguma dificuldade em inventar sonhos em que me veja fora dele!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Detergentes Caseiros

Ficam aqui mais duas sugestões de poupança! 
Podemos rentabilizar os detergentes que habitualmente usamos para o chão, cozinha, casa de banho...! 
Aproveitando uma embalagem vazia, dividimo-la "a olho" em cinco partes. Depois deitamos uma parte do detergente que habitualmente usamos, mais uma parte idêntica de vinagre e três partes de água. Fecha-se e mistura-se. 
Esta ideia faz com que o detergente que compramos dure cerca de quatro vezes mais! Como o vinagre é barato, poupa-se bastante!
Os detergentes obtidos são muito eficazes, porque o vinagre tem alto poder de limpeza e de desinfeção! 
Eu estou satisfeita com os resultados e tenho dois tipos, um para a cozinha (fogão e bancadas)  e outro que é multiusos para chão e casa de banho. O da cozinha como faço com o detergente limpa-vidros, também posso usá-lo nas janelas.


Ambientadores caseiros

Podem-se fazer ambientadores caseiros de vários tipos.
Já experimentei com folhas de eucalipto e rama de pinheiro, mas julgo que também ficará agradável com pétalas de rosa, alfazema... e depois é ir testando!
Basta cortar 2 ou 3 folhas de eucalipto ou um ramo de pinheiro e deixar em infusão durante pelo menos 3 semanas, num frasco de álcool. Depois coloca-se num pulverizador e já está!
Os aromas são muito agradáveis e a casa fica  a cheirar a campo, a natureza!


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Tarde Diferente no Centro de Dia

Ontem, no Centro de Dia realizou-se uma atividade daquelas que aquecem os corações!
Promovida pela Comissão Social de Freguesia, realizou-se um "Encontro de Avós e Netos", no qual participaram as crianças do 1º e 2º anos e os utentes do Centro de Dia. 
Em conjunto "avós e netos" realizaram várias brincadeiras!  
Vestiram bonecas e bonecos de papel, jogaram ao jogo dos jangros e fizeram um polvo com lã.
No final, com uma ajudinha aqui da voluntária, ensinámos aos "netinhos" algumas poesias já memorizadas nas tardes de voluntariado.
As crianças estavam contentes, mas do lado dos avozinhos a alegria não era menor. 
Quem o dizia? Os seus sorrisos rejuvenescidos e o brilho que lhes iluminava o olhar.
- Os meninos fizeram muito barulho? - perguntei-lhes no final.
- Agora cá! Então, são crianças... -diziam eles de sorriso aberto.
Estavam felizes as "minhas meninas"!
E eu? Não podia deixar de partilhar a sua alegria e de me sentir  feliz por ter podido estar presente a assistir aquela experiência de tão grande valor social e humano em que ambas as partes saem a ganhar.