quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Nova Vida

Após uma noite em que o sono mal coube, acordei de coração a transbordar de alegria e felicidade. Apeteceu-me gritar em plenos pulmões - BOM DIA, para que esse meu desejo chegasse a todos os cantos do nosso planeta e até mais além, ao outro lado onde estão aqueles que eu amei e já partiram, em especial aquele que ao fazer-me mãe, me permitiu ter alcançado a graça de ser avó. 
Sabia que não adiantava gritar assim tão alto, para chegar a todo o planeta! Então fechei os olhos e os lábios e, do fundo do meu coração enviei um bom dia cheio de energia, de amor e paz a todos aqueles que amo (familiares e amigos) e um pensamento profundo a todos os que sofrem.
Usando as palavras, apenas disse BOM DIA, á minha gata Lia, que já estava à minha espera sobre a mesa de cabeceira! :)
Depois direcionei o meu amor para o Diogo e cantei-lhe a minha canção de embalar! Esta canção de embalar é um segredo só nosso! Sei que ele gosta, porque sempre que lha cantei, ele ficou calminho e adormecia. Apesar da distância física, cantei-lha e a ser verdade tudo o que ultimamente tenho lido, ele deve tê-la sentido. 
Como referi atrás, esta noite sobrou pouco tempo para dormir! Voltei ao meu mundo e senti vontade de separar as emoções dos últimos dias, em caixinhas. Para isso tive que reviver cada uma delas, para decidir como as separar. Depois também me apeteceu abrir outras caixinhas que já tinha arrumadas na mesma gaveta das doces emoções. Então fiquei assim, durante horas a deleitar-me com todas elas e o peito foi enchendo com alegria, com amor, com felicidade e com muita paz! 
O tempo que restou, foi para recarregar as energias, para aquilo que eu sinto ser uma nova vida. Não que considere que algo que tão diferente vá acontecer, até porque vejo cada acordar, como um novo nascimento, mas após ter vivenciado esta experiência maravilhosa de ser avó, sinto-me a iniciar nova etapa, na qual espero cimentar as minhas aprendizagens em relação a esta nova forma de viver, baseada no amor pelos outros, pelas belezas da vida, pelo campo, pelo mar, pelos animais, pelas árvores, pelas flores, enfim  por tudo aquilo que é puro e belo!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Regresso

Estou de regresso à rotina básica com que vou gerindo a minha vida. Digo rotina básica, porque sempre fui contra rotinas, por isso só mesmo a cumpro naquilo que é estritamente necessário.
Depois de ter cumprido a minha primeira fase de ser avó, com tudo o que podia dar de mim, eis-me de volta! Claro que na agenda do meu coração, estará  sempre reservado todo o tempo para quando for necessário dar-me de novo.
Espero ter cumprido bem esta minha missão! Se o nível de pontuação se equiparar ao amor que sentia brotar do meu interior profundo, então  a pontuação só pode ter sido elevada! Amor de avó, pelo Diogo e amor de mãe, pelos seus papás!
Desde há um tempo para cá, que tenho vivido um pouco em função da chegada do Diogo! 
O fazer das mantinhas, os preparativos, a ansiedade que acabou por ganhar terreno e eu dei comigo a criar como que um marco na minha vida e nos meus afazeres. Tudo foi sendo adiado para quando o Diogo nascer, ou para depois do Diogo nascer... 
Agora que estou de volta à minha vida "normal", dou-me conta de quantas coisas me apetece fazer, tenho saudades de fazer, quero mesmo fazer. 
Assim a partir de amanhã vou voltar às minhas leituras, aos meus passeios pelo campo ou pela praia, reforçar  a plantação e o tratamento da horta, retomar as atividades com as minhas velhotas, escrever...
Enfim, vou reatar esta nova relação comigo mesma e com aquilo que me torna  a vida mais colorida e me traz serenidade e alegria espiritual. Tudo aquilo que me preenche e me dá plenitude.
Ao meu netinho, mesmo de longe vou enviar-lhe em muitos momentos de cada dia, a minha energia positiva, e vou abençoá-lo com todo o meu amor.
Quando isso não bastar? Então aí, é encher o depósito e seguir viagem para o encher de miminhos!


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Versos da D. Idália

Chorando nasci,
tinha um ano engatinhava,
tinha dois e já andava,
não sei como não morri!
Aos três anos adoeci,
ainda era de mama.
Aos quatro tinha uma dama
que aos cinco
estou bem lembrado,
já dormi na sua cama
sem precisar embalado!
Aos seis anos fui à missa
pelas mãos da minha mãe.
Aos sete me lembra bem
que eras a minha doidiça,
já ia tendo maliça,
quando os oito completi.
Aos nove te disse a ti
-Nós havemos de namorar
Aos dez posso-me gabar
já o teu rosto beiji.
Quando eu onze anos fiz,
é que eu soube
o que era amores.
Aos doze muitos calores
que me fizeram feliz
Aos treze a sorte assim quis
que nós fossemos amiguinhos.
Aos catorze muitos beijinhos
que era esse o nosso intento,
aos quinze chegou-se o tempo
de eu gozar os teus carinhos.
Quando dezasseis anos fiz
eu te disse a ti uma vez
que já poderias ser minha,
aos dezassete talvez!
Aos dezoito me entretinha
com o amor que eu acariei.
Aos dezanove pensei
que o amor tinha feição
aos vinte pensei em casar,
fui pedir a tua mão!

A D. Idália está sempre pronta para dizer uns versinhos e eu também sempre prontinha para os ouvir e claro está, para os partilhar!



Lembranças da D. Inácia

Vi lá na Serra da Armenha
um lagarto roçar lenha
para cozer amentolias.
Eu vi na feira das Pias
um chibo vendendo passas,
um burro dando chalaças,
deitando favas de molho,
nas orelhas de um piolho
vi a  lutar, duas carraças!

D. Maria Inácia - Lar de Colos

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Teu Sonho de Seres Avô



À medida  que se aproxima a hora que se quer de alegria, o meu peito aperta-se e a saudade cresce de forma avassaladora!
O meu pensamento quebra as amarras e vai para além da minha vontade e eu recordo de como falavas do teu desejo de seres avô!
Eu também desejava vir a sê-lo um dia, mas não o comentava, ou se o fazia, não o repetia tantas vezes como tu! 
Sim, tu repetia-lo imensas vezes e sempre que o fazias, os teus olhos cor de mel brilhavam iluminados por lágrimas de emoção! Os teus lábios abriam-se num sorriso amplo e radioso e da tua boca saíam sempre as mesmas palavras: «Vou ser o avô mais doido do mundo!»
 Agora, com esse momento a  chegar, não consigo impedir que uma nuvem de tristeza venha encobrir a alegria e a felicidade que o mesmo me transmite. 
Queria ter-te aqui por inteiro a meu lado, partilhar contigo as horas de espera e depois ver espelhado no teu rosto e principalmente no teu olhar, a felicidade da concretização de um sonho, o sonho de seres avô!
E agora mais do que nunca, desejo com toda a força do amor que vivemos, que pelo menos daí, desse lugar que te acolheu, possas ver-nos e possas de alguma forma ver realizado o teu sonho tão antigo, tão lindo e tão doce!

Lembranças da D. Rosa

O Zeca
Quando se estava a lavar
todo metido na tina
estava o Zeca a murmurar:
- Quem me dera ser menina!
- Ser menina para quê?
pergunta então a mãezinha
e que graça é que isso tinha?
E o Zequinha aborrecido
disse afastando as «gadelhas»
- Tinha o cabelo comprido
e não lavava as orelhas.

O Chico
Há dias pela mão da mãe
tique, tique rua fora,
foi ele todo contente
visitar uma senhora.
Beijos, conversas, abraços
e depois, vê-se está,
como é uso em casos tais,
servirem bolos e chá.
Na mesa um grande pudim
tentador, apetitoso!
Parecia mesmo dizer:
-Come-o grande guloso.
Partiu a senhora um bolo
E ao Chico com ligeireza
ofereceu uma fatia
das maiores, uma beleza!
Ferrando-lhe logo o dente
o pequenito comeu,
comeu e saboreou,
mas agradecer, nem eu!
Perante disparate tal
ralha a mãe com o petiz.
- Não tem boca para falar?
Vamos meu filho, que se diz?
E ele num riso escarninho,
com a boca atafulhada
- Quero mais uma fatia,
que esta está acabada! 

O Chiquinho
A mamã disse ao Chiquinho
- Não se esteja a fazer tolo
porque sabes muito bem,
neste prato falta um bolo.
Havia aqui dois pastéis
que eu cá pus ontem à noite
confessa que tiraste um
ou apanhas um açoite!
Ficou o Chico pasmado
e esteve algum tempo assim
com ar muito consternado
até que respondeu por fim:
- O quê? Ainda ficou um?
Pois tive azar a valer,
calculem, estava tão escuro
que nem o consegui ver!



A D. Rosa, que se encontra no Lar de Colos,  aprendeu estas poesias quando andava na escola e repete-as com uma entoação maravilhosa e também com grande rapidez!
Há anos, quando desenvolvi um projeto envolvendo o Centro de Dia do Cercal e a minha turma, recordo-me que a D. Rosa lhes recitou estas poesias e eles acharam muita graça.

Atividades de Segunda Feira

Tenho andado ausente do meu blog, mas por uma boa causa. O fim de semana foi muito atarefado e depois queria terminar a última mantinha do Diogo, que logo, logo está aí. 
Segunda feira, tal como é habitual, fui apoiar a aula de ginástica no Centro de Dia.  Desta vez o material utilizado foi as garrafas de plástico. Só por curiosidade quero dizer-vos que no início os exercícios eram feitos com as garrafas meias de água. Agora já são cheias e os exercícios realizados têm vindo a aumentar quer no nº de vezes em que são repetidos, quer no grau de dificuldade e as "nossas meninas" aguentam tudo sem um queixume, pelo contrário, com boa disposição e com a musiquinha a animar. 


De tarde fui até ao Lar de Colos! 
Mal entrei tive uma agradável surpresa! Fui lá encontrar uma senhora de quem eu gostava muito e que esteve aqui no Centro de Dia quando eu comecei a fazer voluntariado, há quase 8 anos. A alegria foi maior por ver que ela ainda está bem e ainda se lembra dos versinhos tão engraçados que costumava dizer. Claro que gravei logo uma série deles! Deixou-me feliz voltar a ter oportunidade de aprender com a D. Rosa! 
Iniciámos com a  atividade física, embora houvesse lá algumas "meninas" que estavam um pouco abatidas, por isso aligeirei os exercícios, para que elas não desistam e façam alguns movimentos. 
Depois li-lhes os contos "A raposa e o gaio" e "A raposa que foi ao galinheiro". A participação foi grande, como é costume. 
No espaço das lembranças recolhi várias poesias, que publicarei aqui. Não recolhi mais, porque tive que dar por terminado "o tempo de antena". Bem, isto com muito cuidado, para não melindrar ninguém. 
Antes do lanche ainda jogámos ao jogo dos provérbios, que dá sempre confusão. Há lá uma senhora que quando falamos com ela nunca percebe, temos que ir ao pé dela para ouvir bem, pois não sei como, mas não é que no jogo dos provérbios está sempre a responder na vez das outras! Toda a gente se questiona e acabamos por achar graça. 
Depois do lanche foi o tempo das lengalengas e ainda de alguns trava-línguas, um que lhes ensinei e outros que elas sabiam e por fim como não podia deixar de ser, uma cantiguinha para a despedida.
No espaço do lanche estive também um tempinho do 1ºandar, porque o Sr. Armando e a D. Beatriz ficam sempre felizes ao participar no jogo dos provérbios. Aos restantes um bocadinho de conversa, um miminho, o pegar na mão, ou uma festinha no ombro, um sorriso e pouco mais se pode fazer... 





A minha amiga Idália estava com vontade de dizer versinhos, alguns vou publicar mas há uns que não posso, ela proibiu-me, porque sabe que a família vem cá visitar o blog! 
Esta "menina" é das tais pessoas com muita força, que muitas vezes apresenta uma alegria que não sente, foi o caso da passada segunda feira.



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sorrir aos Outros

Hoje alguém me fez ficar com vontade de desenvolver este tema! 
Quando saio à rua gosto de cumprimentar as pessoas com um sorriso e também gosto de receber sorrisos no cumprimento dos outros.
Não sei explicar, mas sinto-me como uma esponja que absorve o que a rodeia. Aperta-se-me o peito quando me cruzo com alguém de olhar triste e anima-me a alma ver risos e sorrisos estampados no rosto dos outros. 
Já algumas vezes sorri sem vontade, mas faço sempre por sorrir, porque sinto que os sorrisos fazem bem, tanto  a quem os dá, como a quem os recebe. 
Mas há dias em que o sorriso é genuíno e reflete a paz que sinto cá dentro e nesses dias, julgo que o sorriso deve ser luminoso, porque ao sorrir sinto como que o olhar encandeado. Pois quando o brilho do olhar acompanha o sorriso, algumas pessoas já me têm dito:
- Bem, hoje estás tão bem!
Isso é o que dizem, o que pensam não sei, como não sei o que pensam aqueles que apenas me olham e nada dizem.
Mas eu não me importo e ainda sorrio com mais vontade, sorrio para fora e centrando-me na criança que existe dentro de mim, sorrio para dentro e rio baixinho, deixando-a brincar comigo. Juntas ficamos a inventar a que associarão as pessoas estes meus sorrisos e quanto mais inventamos, mais nos divertimos e mais vontade tenho de sorrir ao cumprimentar aqueles com quem me cruzo. 
Até lhes podia dizer porque sorrio, mas não, para quê? Porquê tirar-lhes a possibilidade de imaginar? 
Há dias em que eu própria me pergunto da razão do meu sorriso iluminado mas logo descubro a resposta!
Sorrio porque estou em paz e centrada no que realmente é importante. 
Sorrio porque estou desperta para as maravilhas que me cercam e que me encantam. 
Sorrio porque apesar do período duro que vivi e da perda irreparável que sofri, o meu coração manteve-se doce e continua a saber dar amor.
Sorrio porque não guardo mágoas nem rancores de ninguém. 
Sorrio porque sou livre para ter os meus sonhos que não causam danos a ninguém. 
Sorrio porque descobri uma nova forma de felicidade e de alegria interior e finalmente sorrio, para que também os outros se deixem contagiar pelo meu estado de espírito e me sorriam também, porque isso só contribuirá para aumentar ainda mais a minha vontade de sorrir.

Manhã na Horta

Veio mesmo a calhar a chuvinha que caíu! As plantinhas da minha horta parece que saltaram! 
Esta manhã aproveitei para plantar algumas alfaces que já me estavam a chamar da floreira. Escolhi as maiores, por isso só semeei um cantinho. Também semeei espinafres.
Depois foi dar uma manutenção nas couves, na nabiça que está a crescer com muito boa cara e preparar mais um bocadinho de terra porque ainda quero comprar uma embalagem de sementes de cenoura, para semear. 
Não é grande o espaço de que disponho, mas este ano estou a aproveitar uma parte que normalmente ficava livre.
Estou a pensar semear favas e alhos na parte que libertei este ano. 



Esta "armadilha" à volta e por cima, bem como a rede, é para afastar os gatos. 
O ano passado deixei ficar algumas alfaces na terra até secarem para recolher as sementes. Na dúvida da quantidade de sementes que estariam no saco, atirei tudo para a terra. Olhem o resultado! Dava para plantar alfaces no quintal inteiro. Sou uma "agricultora" pouco experiente, precisava de fazer formação! 
Daqui a uns dias dá para oferecer às vizinhas!




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A Voz da Chuva

Estes dias de chuva deixam-me nostálgica!
Não que me desagrade a chuva, pelo contrário, gosto dela.
Quando ouço chover apetece-me espreitar à janela e ficar a vê-la descer dos céus e cair sobre as árvores, sobre as plantas rasteiras, sobre a terra... Sinto-a  lavar e  purificar o ar e tudo aquilo em que toca.
 Gosto de a ver cair, mas sempre que a vejo arrepio-me, sinto frio e é aí que chegam as lembranças de antes.
Lembranças do tempo em que não estava só diante da janela a ver a chuva cair.
Lembranças do tempo em que o frio desaparecia no calor de um abraço carinhoso.
Impossível ver a chuva cair e deixar de sentir frio e mais impossível ainda sentir frio e não me lembrar do abraço de antes.
Com este pensar, deixo-me arrastar para o tal mundo da fantasia que fica sempre ao alcance do meu coração sonhador e leio mensagens na voz da chuva que desce do céu. Assim dou por mim a sorrir e os meus olhos ficam molhados pela chuva de uma doce saudade que me agita o peito.
Entregue à ilusão, escuto os recados que a chuva me traz e olhando o céu dou-me conta de que o frio já passou.


Recordações da D. Idália

Cantiga da Matilde 

Oh Matilde alevanta a saia
que a saia está a arrojar
a saia custa dinheiro
e o dinheiro custa a ganhar.
Ai o dinheiro custa a ganhar
quem ganha o dinheiro sou eu.
Oh Matilde levanta a saia
levanta a saia, mando eu.

(Escrito sem alteração dos termos usados)


D. Idália - Lar de Colos

Recordações da D. Preciosa

A galinha dos ovos de prata

Ti Ana, velha mulata,
entre outros bicos tinha
uma soberba galinha
que lhe punha ovos de prata.
Mas ti Ana receosa
pôs-se a cismar cuidadosa
numa tremenda ucharia.
Deu tanto a insensata,
em trigo, milho e farinha
que rebentou a galinha
que lhe punha ovos de prata.

A boneca

A minha boneca é linda
tão linda como os amores
tem o nome de Benvinda
e é mais fina que os doutores.
Mal vê romper a manhã
numa vozinha afinada
chama a sorrir a mamã
que lhe traga a marmelada.

Folha caída

- Que fazes tu por aqui
triste folha despegada?
-Veio o vento numa rajada
arrancou-me duma chapada,
do lugar onde nasci.
Diz então seguindo o vento
na carreira desigual:
- Procuro a cada momento
bosques varjas, monte e vale
e ando neste movimento
sem receio e sem  desdoiro
vou onde a casa luza
e levo a  folha da rosa
e levo a folha do loiro.

(As poesias foram transcritas com os termos usados)


D. Preciosa Louzeiro - Lar de Colos

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Tarde no Centro de Dia

Ontem à tarde estive no Centro de Dia. Estavam animadas, as "minhas meninas"!
Depois da conversa inicial de como estou, se os meus filhos estão bem, se o meu netinho já nasceu... iniciámos as atividades.
Ao longo da tarde li-lhes 2 contos tradicionais "O Dr Grilo" e "O Gaio e a Raposa", de que mostraram ter gostado. 
Voltámos ao tema "Trabalhos de Antigamente". Contei-lhes o que me tinham dito no Lar de Colos acerca do "desencamisar" do milho e das carvoarias. Sobre este último trabalho também acrescentaram alguma informação, já que algumas delas também o tinham realizado na sua juventude. 
Depois escolhi como atividade para falarmos a das lavadeiras.
Como sempre gerou-se alguma confusão. Todas queriam falar sobre o assunto e tive que pôr ordem na "assembleia". Muitas das coisas que me disseram, eu já sabia, mas houve informação que desconhecia. Sabia que costumavam ir lavar ao barranco ou ao poço e que com o tempo bom, só voltavam a casa com a roupa seca. Mas houve termos e procedimentos de que já tinha ouvido falar, mas que pouco sabia em concreto. 
Deixarei um registo mais completo sobre este tema.


A D. Maria Emília explicou como se punha  a roupa branca na "barrela", dentro do "cortiço".

Realizámos também o Jogo dos Provérbios e a memorização de versos e lengalengas. 
Já combinámos o tema de conversa para a próxima semana - a matança do porco. Também lhes disse que outro dia iria propor-lhes para relembrarem um dia completo (semana ou domingo) e recontarem o que habitualmente faziam desde o levantar até ao deitar. A jeitos de brincadeira, disse-lhes que depois de deitar já não queria saber nada. Todas se riram com aquele sorrisinho maroto...


Trabalhos de Antigamente

Carvoarias 

Para fabricar o carvão faziam uns fornos. 
No chão punham um monte de carqueja e estevas e depois iam colocando os troncos levantados, uns por cima dos outros, começando pelos mais pequenos e acabando nos maiores e o forno ficava tão alto que os homens tinham que usar uma escada para poder trabalhar nele. Por fim cobriam tudo muito bem com terra e atiçavam lume. Apenas deixavam um pequeno orifício junto ao chão (ouvido), por onde espreitavam, ou ouviam, para saber se os troncos ainda estavam a arder. Tinha que ficar tudo muito bem tapado, para não entrar o ar, caso contrário os troncos ardiam completamente e ficavam reduzidos a cinza e não a carvão. 
Durante uns dias o forno ia trabalhando devagar e os homens vigiavam quer de dia, quer de noite, porque sempre que surgisse uma abertura tinha que ser rapidamente tapada  com terra. 
Depois de apagado, esperavam uns dias até desmanchar o forno e então iam as mulheres juntar o carvão em sacas. Alguém me disse que cada saca custava 25 tostões. O carvão grado era separado do miúdo. Os troncos que não tivessem ardido juntavam-se e faziam outro forno mais pequeno a que chamavam forneca. 
Contam-me que era um trabalho muito mau, por causa do pó do carvão. 

Desencamisar o milho 

O trabalho de "desencamisar" ou "descamisar" o milho, consistia em retirar as folhas às maçarocas. Muitas vezes este trabalho era feito à noite, porque durante o dia andavam noutros trabalhos no campo. 
Juntavam-se rapazes e raparigas e faziam uma roda sentados à volta da eira onde estavam as maçarocas de milho.
Iam tirando as folhas e quando encontravam uma maçaroca com alguns bagos de milho vermelho, tinham que dar tantos beijos quanto o número de bagos vermelhos.
Se encontrassem uma maçaroca de milho preto, corriam a roda e davam 1 beijo a cada pessoa.
Contam que era uma risada, porque quase toda a gente gostava de dar e receber beijinhos e então se estivesse lá o namorado ou a namorada, ou a pessoa de quem gostavam, a alegria ainda era maior!  Mas também havia quem escondesse a maçaroca sem ninguém ver, quando na roda havia alguém de quem não gostasse e não quisesse dar-lhe um beijo.
A D. Maria Guerreira de Colos contou um episódio que aconteceu com a sua irmã, que encontrou uma maçaroca de milho preto e como era hábito correu a roda a dar beijinhos, só que em vez de deitar a maçaroca para o lado, escondeu-a e de tempos a tempos, tirava-a como se tivesse encontrado outra. Fez isto várias vezes e os outros já estavam com inveja de só a ela calhar o milho preto. Entretanto lá se descobriu a esperteza da menina que gostava muito de dar beijinhos. Acabaram todos por achar muita graça à brincadeira. «Muito a riu a gente!» - diz a D. Maria Guerreira

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Iogurtes caseiros

Com a crise que estamos a viver é importante deitar mãos a tudo para pouparmos um pouco mais. 
Já aqui tinha deixado a receita dos meus iogurtes, mas ainda quero acrescentar algumas sugestões.
Receita
1l de leite
1 iogurte natural
2 colheres de leite em pó
30g a 40g de açúcar (também podem adoçar na hora de comer)
Coloco tudo na Bimby e ligo 1m, velocidade 5 (também se pode misturar com a varinha mágica).
Depois coloco nos copos e deixo ficar na iogurteira cerca de 8h. Quando arrefecerem vão para o frigorífico.
Quem tem Bimby não precisa de iogurteira. É só procurar a receita.

Na hora de comer, costumo juntar-lhes sementes de linhaça e muesli com frutos secos, mas também se pode juntar fruta fresca, bolacha ralada, bocadinhos de chocolate, cereais, compota de fruta... 

Em vez de iogurte natural, podem fazer-se com iogurtes de aromas. 
No momento da confeção, por vezes misturo logo flocos de aveia triturados ou bolacha ralada ou chocolate em pó.

Com 1l de leite obtenho 8 iogurtes. 


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Outra Segunda Feira

Comecei o meu dia de uma forma muito tranquila, a tomar o pequeno almço ao som de Strauss. Eu gosto imenso de música clássica, embora não seja muito comum. 
Após os afazeres normais de qualquer dona de casa que se preze, chegou a hora de ir até ao Centro de Dia para dar apoio a mais uma aula de ginástica. Hoje parecia que estava toda a gente "meio murchinha", mas depois animaram.
Isto agora, com uma musiquinha a acompanhar é outra coisa!
Durante a aula aconteceu um episódio engraçado. Passou pela sala uma funcionária e houve logo quem a desafiasse a fazer um dos exercícios. A rapariga acabou por aceitar, mais para lhes fazer a vontade. O interessante foi que ela teve mais dificuldade em realizar o exercício que as nossas atletas, que acharam imensa graça à situação.




Depois de um almocinho rápido fui até ao Lar de Colos.
Hoje também fizemos um tempinho de atividade física com bolas, que correu muito bem. De seguida li-lhes o conto "O Dr Grilo", no qual participaram como habitualmente. 
Propus-lhes também falarmos sobre os trabalhos de antigamente e além dos que já tinham sido recordados no Centro de Dia, referiram as carvoarias e explicaram-me como se fazia o carvão antigamente. Deixarei aqui esse testemunho oportunamente. 
A D. Preciosa falou-nos do seu trabalho de costureira de roupa de homem, mulher e criança.
 No momento de poesia a D. Idália e a D. Preciosa disseram uns versinhos que gravei e também irei publicar outro dia. 
Fui também ao 1ºandar onde contei o mesmo conto e levei o jogo dos provérbios. Descobri que um dos senhores mais limitados sabia muitos provérbios e emocionei-me ao ver a sua expressão de alegria. 
Cada vez acredito mais que aquilo que damos regressa até nós multiplicado. Então não é que "as minhas meninas" tinham duas prendinhas para mim, melhor dizendo, para uma avó babada! Pois é, com sugestão da amiga Fernanda Gamito, animadora do Lar, prepararam-me esta surpresa!



 Eu, como era de esperar, fiquei muito feliz!
O momento final é sempre das cantiguinhas e a despedida é sempre feita mais do que uma vez, porque há sempre quem diga:
- Então e não cantamos aquela... e então a outra... ah, mas ainda falta aquela..
Mas é bom, muito bom! :)

domingo, 14 de outubro de 2012

Domingo Diferente

Hoje decidi fazer um domingo diferente, pelo menos com uma manhã diferente!
O domingo é o tal dia em que me apetece ficar em casa, ficar sossegadinha no meu canto, no entanto quando chega à tarde começa a crescer-me uma melancolia muitas vezes inexplicável que me dá um nó no peito. 
Na minha fase mais difícil, quando os domingos eram um autêntico calvário, descobri uma estratégia que aliviava esse pesadelo. Guardava o máximo de tarefas para esse dia, cansando o corpo até onde desse.
Bem, mas hoje tracei outros planos!
Levantei-me cedo e fui à Feira da Horta a Milfontes onde fiz umas comprinhas frescas e saudáveis.
 A seguir a uma visita familiar fui ver o mar! Como a maré estava baixa, decidi caminhar pelo areal, desde o rio até onde o mar consentiu. Hoje não sei qual tinha maior beleza, se o rio se o mar. O rio estava lindo, espelhando o céu e tudo aquilo que o rodeava! Sereno como só ele! Quis identificar-me com a sua serenidade, mas achei que não podia estabelecer essa analogia. Havia cá dentro um "burburinho", embora sem motivo aparente. 


Depois deste agradável passeio  segui viagem e fui até ao campo. Fui ao pinhal recolher pinhas para a lareira.
Quase tanto como o mar, o campo tem também um poder enorme sobre mim, desenrolando o tal novelo que por vezes se forma no peito, desatando o nó que me aperta o coração e permitindo que o ar se torne leve e desça sem doer. 
Há quem diga que não devia ir sozinha para tais lugares e eu digo que nunca ando sozinha, estou sempre comigo mesma, com a força que existe dentro de mim e protegida pelo céu.
Respirava-se tranquilidade! Deixei-me contagiar pela melodia sublime e relaxante do chilreio dos pássaros. Que paz!
Num instantinho juntei um monte de pinhas! 


De regresso a casa ainda parei na Venda Fria e trouxe um pão bem quentinho! Pelo caminho já vinha a salivar, imaginando o paladar gostoso de uma fatia com a manteiguinha a derreter...
Esta manhã rendeu mesmo! 
Ao menos foi um domingo com uma manhã fora do comum.
Por vezes não sabemos tirar partido do que temos ao nosso alcance, daquilo que está mesmo ali, perto das nossas mãos e que é o suficiente para nos reconfortar por dentro e ainda é livre de impostos.
Que os nossos governantes não me ouçam, porque caminhar pela praia e pelo campo ainda está ao alcance da maioria. Apesar do preço dos combustíveis, julgo que fica mais barato e é sem sombra de dúvida mais  salutar do que tomar antidepressivos, ansiolíticos...


Feira da Horta - Vila Nova de Milfontes

Todos os domingos entre as 8h e as 10h realiza-se em Vila Nova de Milfontes a Feira da Horta.
Num espaço situado na segunda transversal à direita a seguir à rotunda da entrada, há um largo onde se concentram pequenos produtores a vender os seus produtos, todos fresquinhos, acabadinhos de colher.
Há uma grande oferta de produtos: grande variedade de legumes, fruta da época, mel, bolos, licores de fabrico caseiro, ovos, batatas doces assadas, galinhas e frangos vivos... 
Fui lá hoje pela primeira vez e fiquei encantada. Os preços podem não ser muito diferentes, mas a qualidade dos produtos fala por si. 
Segundo me informaram, o primeiro domingo de cada mês é o que costuma ter mais oferta. 
Será mais proveitoso ir cedo, porque mais tarde alguns produtos já se esgotaram.  Depois para rentabilizar o combustível, junta-se o útil ao agradável e pode dar-se um passeio à beira-mar que é bastante saudável. 


As minhas comprinhas: alface, coentros, corgete, batata doce e mel

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Tarde no Centro de Dia

Esta tarde estive no Centro de Dia. 
Comecei por lhes ler o conto " A Princesa e o Pobre Aldeão", ao qual estiveram muito atentas e participantes, descobrindo a sequência do enredo do conto.
Apesar de extenso, com uma ajudinha aqui , outra acolá, conseguiram recontar. 
De seguida ensinei-lhes mais uma lengalenga que repetimos algumas vezes e relembrámos outras que já tínhamos trabalhado anteriormente. 
Como tema de conversa sugeri falarmos sobre trabalhos e profissões de homens e mulheres, que já caíram em desuso. 

Trabalhos de mulheres: 
-mondar
-ceifar
-apanhar do milho
-apanhar da azeitona
-lavar roupa para fora
-apanhar tremoços, medronho...
-desmoitar ( apanhar silvas, estevas...)
- desencamisar (tirar a folha às maçarocas de milho)
- servir (criadas)
- fazer pão em casa
................................................ 

Trabalhos de homens: 
- mondar
-ceifar
- manajeiro (tomar conta dos trabalhos do campo)
- feitores (tomar conta dos montes) 
-criados de servir
-apanhar  lenha 
-almocreves (carregavam os produtos em carros de besta)
-desmoitar
-fazer "moreias" ( roçavam o mato e punham em fila a secar. com espaços entre si a secar. Quando estava seco tapavam e queimavam debaixo da terra. Depois cavavam e espalhavam, para depois semearam as terras. Este trabalho era feito em zonas inclinadas) 
 ................................................. 
Estes foram alguns trabalhos de que se lembraram

Nunca tinha ouvido falar nas "moreias" e custei a compreender, porque todas queriam explicar ao mesmo tempo e custaram a entender-se, cada uma achava que a outra não estava a explicar bem. Cheguei à conclusão que todas queriam dizer o mesmo, mas de forma diferente. 
Depois falámos mais em pormenor sobre o trabalho de "desencamisar", como se fazia, que instrumentos eram utilizados e algumas curiosidades que aqui deixarei outro dia. 
No final das atividades propus-lhes este jogo, que me lembra de jogar com a minha mãe, mas que não me recordo o nome. Umas nunca tinham jogado, outras já não se lembravam e outras tinham dificuldade em ver. 
Mas havia lá uma especialista! 
Fizemos algumas tentativas e ficou lá a lã para treinarem. Vamos ver se ganham o jeito! 





quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Viver

Viver já teve vários significados para mim!
Cada despertar de adolescente era cheio de sonhos e urgências.
Depois veio o despertar de mulher que vinha sempre embrulhado num abraço doce e carinhoso.
O despertar de mãe em que o abraço muitas vezes já tinha que ser apressado, pelos muitos afazeres que me esperavam a cada acordar e que me preenchiam os dias.
Mais tarde o despertar de mãe e filha, em que era aquele abraço primeiro que me dava a força para colocar os pés no chão e aceitar de forma impotente aquele sofrimento tão duro de presenciar. Mas nessa altura achava eu, pior despertar não viria!
Como estava enganada! A pior forma de despertar não conhecia eu! E essa chegou quando o abraço deixou de ser possível.
Viver tornou-se um tormento que iniciava a cada despertar vazio de abraços e carinhos para aplacar quando o adormecer chegava para me revitalizar a energia.
Entretanto viver foi-se tornando menos duro, depois mais suave, deixando de doer.
Hoje viver é bom, na maioria dos momentos. A cada acordar, digo bom dia ao meu amigo do céu. Depois falo comigo mesma e digo: Bom dia Luísa! Gosto muito de ti. És especial e quando não fazes tudo bem feito, é porque és humana, mas fazes o melhor que podes e sabes. A vida é maravilhosa, por isso o dia que agora começa, só te pode trazer coisas boas, porque tudo o que dás volta em maior intensidade. O teu mundo tem tudo aquilo que precisas. (Não digo isto por vaidade ou presunção, digo-o porque todos somos especiais e únicos e não nos devemos torturar quando cometemos erros, devemos sim tentar emendá-los)
Depois concentro-me no meu interior profundo e sinto uma estranha forma de alegria e felicidade, uma energia e um amor imenso. A seguir começo a visualizar as pessoas que são importantes para mim, a família, as amigas e amigos, as "minhas meninas de cabelos brancos", pessoas conhecidas que estão doentes... e ao pensar envio-lhes o meu amor e a minha energia positiva. Para as minhas velhotas envio-lhes o desejo de melhoras e também que, quando chegar o dia da grande viagem, elas não passem por sofrimento e partam em paz.
Quando termino fico tranquila, outras vezes emociono-me e choro.
Depois disto levanto-me, abro a janela e observo a natureza, com os olhos e com os ouvidos. Uns dias saio a dar o passeio matinal e noutros lanço-me na labuta normal, mas de forma serena, com alegria.
Hoje é bom viver! É bom acordar e é bom adormecer. Antes de adormecer passo o dia "a limpo" e vejo o que podia ter feito melhor, mas sem culpas e agradeço tudo o que me foi oferecido. Finalmente despeço-me de mim  e do meu amigo do céu.

"Fabricar" Adubo Natural- Compostagem

Hoje vou deixar-vos mais uma sugestão! 
Quem tem quintal pode fazer a compostagem de toda a matéria vegetal que retira da horta, do jardim e até as cascas e restos dos legumes que consome. Há no mercado recipientes próprios que não são muito caros. Basta selecionar o material, colocá-lo lá e quando o tempo estiver seco, deitar água, de modo a manter os materiais húmidos, para que  a compostagem se faça mais depressa.
Antes de ter a caixa, costumava colocar estes resíduos em sacos plásticos e fazer-lhes uns buracos. A decomposição até se fazia mais depressa, porque havia mais humidade, no entanto na caixa de compostagem entram alguns bicharocos que ajudam a transformação.
Hoje fui recolher o húmus da minha caixa e vi que não tinha selecionado bem os materiais, de modo que tive de retirar a caixa e separar as partes que não se tinham decomposto. 
Daqui para diante já sei o que hei-de colocar lá dentro. O resto deixo a secar e dá para ajudar a acender a lareira. Assim nada se perde. 
Já lá vai o tempo que eu carregava tudo para o contentor e depois comprava adubo aos sacos. Só prejuízo! 
Ora o que retirei dá para adubar os canteiros do quintal. 
Para o ano já haverá mais! 


Aproveitei logo o adubo para semear mais uma leira de alho francês e para colocar esta plantinha num vaso.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Tarde em Colos

Ontem à tarde estive em Colos, como é habitual.
Como ia ter lugar a cerimónia religiosa mensal, alterei os meus planos de "trabalho". 
Após cumprimentos, leitura de um pequeno conto e umas atividades de memorização de lengalengas e poesias tive que fazer uma pausa.
Enquanto durou a celebração, dirigi-me ao 1ºandar. 
Neste piso encontram-se as pessoas que estão mais limitadas, mas não acamadas. É um espaço um pouco deprimente, em que após várias tentativas para tirar algumas pessoas do seu mundo irreal e confuso, acabo por não forçar e deixá-los lá, contentando-me com os momentos em que os trago para o momento que lhes estou a oferecer. 
Para aquele grupo escolho sempre contos engraçados e provérbios mais conhecidos. Quando os vejo rir, sei que naquele momento estão ali e isso alegra-me e muitas vezes emociona-me. 
Apesar de considerar que o ambiente pode ser deprimente, para mim não o é, de todo.  Enquanto lá estou, tento concentrar-me no que é importante e sinto que nos momentos em que os consigo trazer de volta ao mundo real, que os faço rir, eles estão felizes e isso é o melhor que lhes posso proporcionar. 
Há lá uma senhora, a D. Beatriz que vive num mundo de extrema confusão, mas que sabe de cor montes de poesias, sabe os provérbios todos e muitas cantigas. Desta vez recolhi uns versinhos para publicar. 
 Após a hora do lanche, voltei para baixo e em conjunto com a animadora orientei  a realização de um painel com elementos da natureza. 
Enquanto se fazia o trabalho e para animar o ambiente, cantámos umas cantiguinhas alentejanas. Foi engraçado e elas gostaram. 
Este painel será colocado numa das paredes da sala.





Como ficou a secar, não tirei fotografia do painel depois de concluído, mas o projeto era este: 


Após a conclusão do painel, ainda fiquei mais um tempinho, porque "as meninas" achavam que tínhamos feito pouca coisa.
Então ainda fizemos uns jogos rítmicos com repetição de batimentos e de palmas, como já tinha feito no Centro de Dia. Acharam engraçado e todas queriam inventar batimentos diferentes. 


Para terminar e porque estava a ver que não me deixavam vir embora, ainda lhes li o conto " A princesa e o pobre aldeão", que me disseram ter sido o mais bonito de todos que já lhes tinha lido. Tal como costumo fazer, elas vão participando na leitura, respondendo a perguntas, completando frases que vou deixando com lacunas ... 
E chegou a hora da despedida na qual recebo sempre os mesmos conselhos: para vir devagar e com cuidado! São uns amores! :) 
Foi uma tarde longa, mas animada! 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Atividade Diária (Manhã)

Bem, hoje é segunda feira e basta! É o tal dia em que as pernas correm e o coração enche! 
De manhã foi a ginástica no Centro de Dia, que hoje foi mais animada, porque colocámos música ambiente.
Então ao som da musiquinha ainda os exercícios foram realizados com mais gosto e até com mais velocidade. 
Até o nosso único "aluno", que começou há pouco tempo e às vezes diz "estar cansadinho" , não quer parar, mesmo quando lhe dizemos para descansar. Acho que ele não quer dar parte fraca diante de tanta mulher!
Grandes atletas que nós temos! 












Massa de pimentão (caseira)

Decidi abrir mais um separador no meu blog, para ser de mais fácil consulta.
Neste vou incluir algumas das minhas "habilidades" para uma vida mais económica e mais saudável.
Há tanto dinheiro gasto desnecessariamente e por vezes em coisas que só prejudicam a nossa saúde. Por vezes não é tão difícil como à partida pode parecer "fabricarmos" algumas das coisas que consumimos.
Hoje deixo-vos aqui a sugestão de fazerem a vossa própria massa de pimentão. 
Há anos que a faço, antes de estar aposentada e antes de ter a Bimby. 
Comecei a fazê-la porque a que há no mercado e tem qualidade é muito cara e a mais barata tem péssima qualidade, quanto a mim. 
Agora que os pimentos vermelhos são mais baratos é de aproveitar e podem fazer para o ano inteiro.


Receita:
Cortar os pimentos vermelhos aos bocados e deixar em sal, durante 1 dia. Depois cozer ao lume ou na bimby. A diferença é que na bimby não colocamos água nenhuma, trituramos logo em cru e pomos  a cozer na velocidade varoma, uns 30m, para ficar logo seca. 
No tacho, deitar pouquíssima água, só a tapar o fundo e deixar cozer. Quando estiverem cozidos, passar com a varinha mágica e pôr a apurar. Depois de frio congela-se em saquinhos. Há quem congele aos montinhos e quando estão congelados junte tudo, mas  é fácil de raspar com uma faca e utilizar. 
De início colocava em frascos de vidro com azeite ou óleo por cima, mas se demorava muito tempo a gastar, ganhavam bolor. Assim não há desperdício.

É otima para temperar carne, para os assados de carne ou peixe, nas carnes estufadas... 


domingo, 7 de outubro de 2012

Domingo Produtivo

O dia hoje tem sido muito produtivo!
Quando acordei e pensei no que queria fazer, achei que as horas teriam que esticar. 
Comecei por recolher os iogurtes que fiz ontem. São naturais e depois costumo juntar-lhes sementes de linhaça e muesli com frutos secos. Podem ser feitos na Bimby, mas ultimamente até os tenho feito na minha já velhinha iogurteira.
Receita
1l de leite
1 iogurte natural
2 colheres de leite em pó
30g de açucar
Coloco tudo na Bimby e ligo 1m, velocidade 5 (também se pode misturar com a varinha mágica).
Depois coloco nos copos e deixo ficar na iogurteira cerca de 8h. Depois de frios vão para o frigorífico.
 

De seguida fui para a horta e fui pôr ordem nos meus chás, que estavam espalhados. Criei o cantinho dos chás : bela luísa, cidreira, hortelã pimenta, chá verde e  príncipe.


Estas ervinhas fazem-me um jeitão para os chás quentinhos que sabem bem no Inverno e os chá fresquinhos para acompanhar as refeições (ice-tea caseiro), muito mais saudável e económico que o de compra.
Ontem andei na recolha e lavagem e agora é esperar que sequem à sombra.

Ainda fiz sementeira de coentros e nabiça. Tive que proteger os canteiros, por causa dos malandros dos gatinhos que adoram o meu quintal.

Para a tarde tenho a mantinha do Diogo, que logo, logo está pronta, organizar as atividades para amanhã em Colos e o que mais o tempo der.

sábado, 6 de outubro de 2012

Agradecimento

O dardemimluisa acabou de completar 1000 visualizações! Não posso deixar de me sentir feliz! 
Agradeço  a todos quantos por aqui têm passado desde o dia 22 de agosto. Espero acima de tudo, que aquilo que aqui tenho deixado tenha sido útil, ou pelo menos de agradável leitura. 
Como vos disse de início, ao criar este blog tinha como propósito partilhar duas experiências,  uma relacionada com o ultrapassar a dor da perda e outra que tem a ver com o meu projeto de voluntariado com idosos. 
Nesta última quis envolver os familiares das "minhas meninas", e digo meninas, porque ainda não consegui conquistar os "rapazes". De vez em quando lá aparece um, mas na semana seguinte já se escapa. 
Para dar conhecimento das atividades que desenvolvo quer no Cercal, quer de Colos, foi com muito gosto que arranjei maneira de fazer chegar aos familiares o link do blog e os tenho aceite como amigos no facebook.
Na segunda-feira passada ao chegar a Colos, a D. Idália disse-me logo que tinha visto na internet as fotografias com  a família. Ela estava feliz e eu também fiquei, por lhe ter proporcionado esses momentos.
Também tenho muito prazer em partilhar assuntos da minha vida atual, das minhas leituras, dos meus estados de espírito, da consciencialização do meu pensamento... 
Tudo o que aqui coloquei até agora, foi o que a alma me foi ditando. Não escrevo propositadamente para publicar, apenas coloco aqui aquilo que vem ao pensamento, ou que o coração liberta. 
As recolhas que faço no voluntariado, as conversas, as fotografias e a descrição das atividades é das coisas que mais alegria me dá partilhar!
Poderei estar um tempo sem aparecer, já sabem que os deveres de avó me irão chamar dentro em breve, mas  podem crer que acabarei por voltar, para continuar a dardemim a todos vós.


Ser Avó

Em primeiro lugar peço que me perdoem pela minha ausência!Julgo que daqui para diante, poderá acontecer mais vezes. Não que não sinta vontade de partilhar todos os dias os meus pensamentos e as minhas descobertas, só que não sei como me arranjo, mas as horas do dia por vezes tornam-se poucas para tantas coisas que quero fazer.
Mas hoje quero contar-vos sobre esta nova sensação que entrou em mim após a minha ida a casa da minha filha.
Claro que desde o primeiro momento a alegria com a chegada do meu netinho, foi inexplicável. Mas sentia que faltava qualquer coisa. Quando as pessoas me abordavam e me diziam que eu devia estar desejosa do dia do nascimento chegar, eu sentia que isso não era o mais importante para mim e voltava a sentir que faltava algo. 
Inegável a alegria e a felicidade que sentia, mas entretanto descobri que toda aquela felicidade não era de avó, era de mãe. Sim de uma mãe que fica de coração cheio ao ver a felicidade da sua filha. 
O tempo ia passando,  a barriguinha dela a crescer e a minha alegria ia aumentando na mesma proporção, mas por ela, ou melhor dizendo por eles, porque quando estou com eles, já não consigo dissociar o amor que sinto, é como se eles fossem um só, tal a união que sinto no ar. 
Questionava-me sobre o que faltava. Parecia que não me sentia integrada por completo neste processo. Sentia que faltava qualquer coisa, para eu esperar por ele como uma avó completa. 
Nestes dias em que lá estive, ao entrar no quartinho lindo que está prontinho à sua espera, ao tocar nas roupinhas que o vão deixar ainda mais bonito, descobri o que faltava. Sim, era isso, as minhas mãos e o meu coração tinham que fazer algo de material para ele. Não chegava tudo o que o dinheiro comprasse, tinha que ser feito pelas minhas mãos. Tinha que viver a sensação gostosa de ver crescer diante dos meus olhos alguma coisa que daqui a pouco irá estar em contacto com o seu corpinho. Após esta descoberta, lancei mãos à obra, com ordem da mamã claro, que propôs o modelo e é com um amor profundo e a alma cheia de alegria  e felicidade que estou a fazer-lhe esta mantinha.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Centrar no que é Importante

Muitas vezes deixamo-nos angustiar por "dá cá aquela palha"! Sofremos e gastamos a nossa energia por motivos que não são verdadeiramente importantes. 
Quantas vezes ficamos dias e dias tristes e amargurados por atitudes de outras pessoas? Sofremos, choramos, desgastamo-nos por coisas que nos fazem. E se pensarmos seriamente no assunto, quem nos magoou, ou já nem se lembra  e se ainda se recorda, não está minimamente ralada com a nossa dor.
Já nós, perdemos horas e dias de serenidade e de alegria a sofrer por uma coisa que já passou. Enquanto isso vamos armazenando mágoas no coração e ficamos prisioneiros se não de rancores, pelo menos de ansiedades e angústias. 
Já me aconteceu isto tantas vezes!
Hoje, de acordo  com o que tenho aprendido com as minhas leituras, estou  a fazer um esforço por deixar esse caminho e seguir por outro bem diferente. 
A receita é centrarmo-nos essencialmente em nós mesmos, no nosso bem estar, na nossa paz e força interior. Valorizar aquilo que existe de bom na nossa vida e aquilo que o mundo tem à nossa disposição e  abençoar aquelas pessoas que são nossas, a nossa família, os nossos amigos, aqueles que amamos e nos amam.
Se nos centrarmos em todas estas coisas e pensarmos que estamos a sofrer por algo que já passou, talvez tenhamos força para seguir adiante, sem mágoas nem rancores, nem que tenhamos que libertar da nossa vida aqueles que nos magoaram. Como diz Louise Hay na obra "O Poder está dentro de nós" <... abençoo-te com o meu amor e liberto-te da minha vida. Parte em paz>. Segundo ela, repetir esta frase é a melhor forma de nos libertarmos das pessoas que queremos tirar da nossa vida, perdoando-as, não por elas, mas por nós mesmos, pois guardando mágoas e rancores, não poderemos viver em paz. 
Devemos fazer isto por nós, por nos sentirmos merecedores de uma vida plena de paz, alegria interior e felicidade.